Filmes de guerra compensam mau jornalismo, dizem diretores

Em 'Reacted' e 'No Vale das Sombras', conflito entre Exército americano e iraquianos é mostrado sem censura

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Por Mike Collett-White e da Reuters
Atualização:

Dois diretores de Hollywood envolvidos na atual onda de filmes sobre a guerra do Iraque e as repercussões mais amplas do 11 de setembro dizem que fizeram apenas aquilo que a mídia não faz: contar a verdade. Redacted, exibido na recente Mostra Internacional de São Paulo, é talvez a produção mais impactante sobre a guerra do Iraque até agora. Nele, Brian De Palma usa o estilo do documentário para contar a verdadeira história dos militares norte-americanos que estupraram e mataram uma menina iraquiana em 2006.   No Vale das Sombras, que teve pré-estréia em São Paulo na quinta-feira, também se baseia em fatos verdadeiros vinculados à guerra. Mas, ao contrário de De Palma, que usou um elenco desconhecido, o diretor Paul Haggis convocou grandes estrelas, como Tommy Lee Jones, Charlize Theron e Susan Sarandon.   Tanto De Palma quanto Haggins criticaram a grande mídia norte-americana pela cobertura da guerra do Iraque e de seus antecedentes. "Há uma diferença muito grande entre a guerra do Vietnã, na qual vimos imagens, e a guerra do Iraque, em que não (vimos)", declarou De Palma à Reuters em agosto no Festival de Veneza, onde ganhou o prêmio de melhor diretor com a estréia mundial de Redacted. Estou muito enojado porque acho que isso é uma questão importante. Acho que o quarto poder nos decepcionou terrivelmente", acrescentou.   Segundo De Palma, "está tudo na internet, quem procurar acha, mas não está nos grandes meios de comunicação", porque "a mídia é agora na verdade parte do sistema corporativo". Haggis, que também exibiu No Vale das Sombras em Veneza, se mostrou de acordo: "Durante a Guerra do Vietnã, tivemos jornalistas incríveis fazendo seu trabalho, informando sobre as coisas que não queríamos escutar. Agora não temos isso. Acho que quando isso não acontece, então é responsabilidade do artista fazer essas perguntas difíceis."

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