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Filme reúne pela primeira vez Ricardo Darín e seu filho, Chino, atuando juntos no cinema

A comédia 'La Odisea de Los Giles' foi apresentada no Festival de Cinema de San Sebastián e arrancou elogios dos críticos

Por João Paulo Carvalho
Atualização:
O ator argentino Ricardo Darín e seu filho Chino Darín são protagonistas da comédia 'La Odisea de Los Giles' Foto: ANDER GILLENEA / AFP

SAN SEBASTIÁN - O quarto dia da 67ª edição do Festival de Cinema de San Sebastián, no norte da Espanha, amanheceu com a presença de um dos artistas mais aguardados do evento: o ator Ricardo Darín, de 62 anos. O argentino chegou ao local por volta das 11h30 acompanhado do filho, o também ator Chino Darín, de 30 anos. A dupla é protagonista da comédia La Odisea de Los Giles, que estreou em San Sebastián na noite desta segunda-feira, 23. O longa, que tem os dois como produtores, agradou a crítica e, ao lado de Blackbird, do diretorRoger Michell, foi o grande destaque do festival que termina neste sábado, 28.

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A manhã mal havia começado em San Sebastián e uma multidão já podia ser vista no local. Em tempos de plataformas de streaming, esta talvez tenha sido a marca do circuito deste ano: filas quilométricas e todas as sessões praticamente lotadas.

Muito simpáticos e solícitos, Darín e Chino se aproximaram do público para distribuir autógrafos e tirar fotos. Ao som dos gritos ensurdecedores de uma plateia majoritariamente feminina, o argentino parece ignorar o status de sex symbol: “O Brad Pitt está por aqui? Nunca ouvi tantos gritos”, brincou Darín. “É sempre bom receber o carinho do público”, diz o introvertido Chino à reportagem do Estado. “São os mais lindos de todos”, afirmou uma jovem que levava nas mãos um gigantesco pôster com uma foto de Darín no filme Relatos Selvagens. Chino chegou ao festival acompanhado da namorada, a atrizÚrsula Corberó, conhecida mundialmente por sua participação na série espanhola La Casa de Papel.

La Odisea de Los Giles se passa na Argentina em 2001. Uma comunidade de vizinhos decide se juntar e investir dinheiro para reformar uma velha cooperativa agrícola do pequeno povoado de Alsina. O grupo, no entanto, é enganado por um advogado e um gerente de banco, que tinham informações privilegiadas de que a Argentina iria enfrentar a maior crise financeira da sua história. A partir daí, eles decidem se organizar e montar um plano para recuperar o dinheiro perdido durante arecessão.

Ricardo Darín e Chino também são pai e filho na ficção. A história remete aos tempos atuais do país, que, apesar de não estar à beira de um novo colapso econômico tão potente quanto aquele de 2001, vive tempos de incertezas. O corralito financeiro de 18 anos atrás foi uma medida adotada pelo governo argentino para tentar evitar a quebra do sistema financeiro durante a crise econômica de 2001. Foram congelados os depósitos na poupança e estabelecidos limites semanais para retirada do dinheiro.

“O que aconteceu em 2001 está gravado no DNA de todos os argentinos. A Argentina segue sendo a mesma. Os países se constroem com o tempo. Nós temos uma habilidade descomunal de atravessar crises, sobrevivê-las e renascer. Quem sabe essa não seja nossa característica principal: renascer o tempo todo. Somos um povo com muita esperança”, relata Darín. 

O filme é baseado no livro La Noche De La Usina, do escritor argentino Eduardo Sacheri, que também colaborou com o roteiro. A direção do longa é de Sebastián Borensztein, que trabalhou com Darín em outras oportunidades (Kóblic e Um Conto Chinês). “É sempre complexo adaptar um livro para o cinema. Foi um ponto importante. Mais duro que gravar toda a película. O livro não conta qual foi o plano para recuperar o dinheiro. O filme, no entanto, explica tudo ao espectador. Foi uma mescla de gêneros para dar força à história”, conta Borensztein.

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O diretor Sebastián Borensztein posa junto com os atores Ricardo Darín, Chino Darín e Luis Brandoni após apresentar o filme 'La odisea de los Giles' no Festival de San Sebastián Foto: Juan Herrero/ EFE

La Odisea de Los Giles, que chega aos cinemas espanhóis no dia 29 de novembro e ainda não tem data de estreia definida no Brasil, se converteu na aposta argentina para a próxima edição do Oscar. “Eu particularmente não sei se desfrutei tanto na época da gravação quanto agora, ao assistir várias vezes. Estava um pouco impactado com a função de produtor e, claro, por trabalhar com o meu pai. Comecei com um nível de responsabilidade e logo fui ficando mais à vontade. Foi um privilégio, na verdade”, conta Chino. 

Reconhecimento

A relação de Darín com San Sebastían é bastante emblemática. Presença confirmada em todas as edições do festival, seja como jurado ou para apresentar seus filmes, em 2017 o ator argentino recebeu o prêmio honorário, o famoso Donóstia, pelo conjunto de sua obra. O argentino foi o segundo latino-americano a receber este prêmio do festival de San Sebastián, considerado o de maior peso do mundo hispânico. Darín é conhecido por filmes de sucesso como Nove Rainhas, O Segredo dos Seus Olhos (ganhador de um Oscar e um Goya) e Relatos Selvagens e por trabalhar com diretores como Adolfo Aristarain, Juan José Campanella, Fabián Bielinsky, Fernando Trueba e Pablo Trapero. 

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