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Filme pró-Tibete é exibido em Pequim em uma sessão rara

Por BEN BLANCHARD
Atualização:

Um novo documentário feito por um grupo pró-Tibete sobre o que os tibetanos pensam das Olimpíadas estreou em Pequim, na quarta-feira, sob um manto de segredo. "Leaving Fear Behind" (Deixando o medo para trás) foi exibido para um grupinho de jornalistas estrangeiros num quarto de hotel no centro de Pequim, a pouca distância da Praça da paz Celestial. As autoridades de segurança não interromperam a sessão, mas Dechen Pemba, uma tibetana-britânica deportada da China no mês passado, disse à Reuters pelo telefone que uma segunda sessão do filme foi interrompida pelo hotel, por ordem da polícia. "Agora que os Jogos Olímpicos estão prestes a começar, temos uma chance de mostrar o que os tibetanos sentem e quais são suas esperanças", disse Dechen Pemba em comunicado filmado em vídeo. O documentário traz uma série de entrevistas com tibetanos falando sobre como sua cultura vem sendo pisoteada, do amor que sentem pelo líder espiritual exilado Dalai Lama e que acham que os Olimpíadas não ajudam a melhorar suas vidas. "As pessoas de fora podem pensar que os tibetanos são muito bem tratados e que vivem felizes. Mas a verdade é que nós, tibetanos, não temos liberdade para expor nosso sofrimento", disse um tibetano no filme. Outro falou: "Mesmo que eu tivesse que sacrificar minha vida para que esta mensagem pudesse ser vista pelo Dalai Lama, eu concordaria e saudaria essa oportunidade." O Dalai Lama fugiu para o exílio em 1959, após um levante fracassado contra o domínio chinês no Tibete. O agricultor Dhondup Wangchen e seu amigo monge Golog Jigme foram presos pouco depois de concluir o filme, mas conseguiram fazer cópias dele sair do país. "É muito difícil para um tibetano ir até Pequim e falar publicamente ali. Por isso decidimos mostrar os sentimentos reais dos tibetanos no Tibete através deste filme", disse Dhondup Wangchen no documentário. Quatro manifestantes estrangeiros exibindo faixas pró-Tibete perto do estádio do Ninho do Pássaro, em Pequim, foram detidos no início da manhã. A China acusa seguidores do Dalai Lama de ter provocado tumultos e protestos em regiões tibetanas em março, numa tentativa de obstruir os preparativos para os Jogos Olímpicos. O Dalai Lama negou a acusação e disse que não se opõe às Olimpíadas. Mas grupos que fazem campanha pela liberdade do Tibete acham que as Olimpíadas devem ser aproveitadas para expressar críticas à política chinesa.

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