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Filme 'O Primeiro Rei' mostra em latim o mito da fundação de Roma

O diretor Matteo Rovere volta ao século 8º a.C. para mostrar um mundo primitivo e violento marcado pela luta entre tribos pelo domínio da área do Rio Tibre

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Por Redação
Atualização:
Cena do filme 'O Primeiro Rei', que volta ao século 8.º a.C. Foto: Rai Cinema

O cineasta italiano Matteo Rovere se aventura no mito da fundação de Roma em seu último filme, Il Primo Re (O Primeiro Rei), uma visão realista daquele mundo primitivo e violento narrada, além disso, completamente em latim arcaico.

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A fundação de Roma, em 753 a.C., se assenta na lenda de Rômulo e Remo, dois gêmeos abandonados e amamentados por uma loba de cuja luta fratricida surgiu a cidade e, séculos depois, um dos maiores impérios que o homem conheceu.

Rovere (Roma, 1982) leva agora essa história às telonas primeiro para mostrar os dois míticos irmãos, tanto o vencedor, Rômulo (Alessio Lapice), como o que acabou nas sombras da história, Remo, interpretado por um dos atores italianos mais reconhecidos do momento, Alessandro Borghi.

Mas, sobretudo, para descrever de um modo "extremamente realista" aquele mundo anterior à fundação, primitivo, arcaico, sujo e violento, marcado pela luta entre tribos pelo domínio da área do Rio Tibre.

"Queria uma visão muito mais realista que tirasse o espectador do cinema e o levasse ao século 8º a.C., através de um imaginário estético absolutamente novo, mas verdadeiro, profundamente real", explicou o diretor em entrevista à Agência Efe.

Rodado com luz natural na região do Lácio, o filme transcorre no meio de florestas frondosas e lodaçais ameaçadores, mostrando os costumes e formas de vida dos povos pré-romanos graças a uma reconstrução histórica dirigida pela Universidade Tor Vergata.

Ilustra o profundo sentimento religioso dos moradores da região, seus rituais funerários, suas técnicas de guerra e de caça, suas armas, assim como as cidades nas quais viviam, que não eram mais do que pequenos núcleos de cabanas, entre os quais se destacava Alba Longa.

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"O trabalho dos arqueólogos nos devolveu um mundo arcaico a que não estamos acostumados a ver nos filmes tradicionais, que expõem um passado limpo, com atores com os dentes brancos e recém-saídos do cabeleireiro", explicou o diretor, também autor do aclamado Veloz Como o Vento (2016).

O seu desejo de mostrar da forma mais fidedigna possível aquele tempo é refletido no fato de que a produção tenha sido rodada completamente em latim arcaico, reconstruído para a ocasião por um grupo de filólogos e semiólogos da Universidade da Sapienza, diferente do litúrgico ou do que ainda se ensina nas escolas.

O cineasta explicou que, embora não exista uma "Pedra de Rosetta" da língua que se falava na época, os especialistas têm uma ideia básica do latim "protoromano" e que a esse foram acrescentadas algumas fontes encontradas em epígrafes, lápides e outros objetos.

O latim resultante não era suficiente para redigir um roteiro completo e, para preencher as lacunas, como se fosse um quebra-cabeças, os estudiosos de línguas romanas e sânscrito recorreram ao indo-europeu, base comum da maioria das línguas do continente.

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