Filme mexicano 'La Misma Luna' dá face humana à imigração

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Por IAIN BLAIR
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A cineasta mexicana Patrícia Riggen enfrentou tantos obstáculos na realização de seu novo filme, "La Misma Luna" ("A Mesma Lua"), que quase desistiu. Sorte dela e do público que ela insistiu no projeto. O filme falado em espanhol, lançado nesta semana em grandes cidades dos EUA, confere um rosto humano à imigração ilegal. Mas Riggen espera que as platéias enxerguem além das questões políticas e se comovam com a história de mãe e filho que tentam se reencontrar. A obra foi aplaudida de pé no festival de Sundance em 2007, virando a grande revelação do mais importante evento do cinema independente nos EUA. A Fox Searchlight, distribuidora de filmes "cult" como "Juno", rapidamente levou "La Misma Luna" para as salas comerciais. Para Riggen, parecia um sonho, mas chegar lá não foi fácil. "Foi o meu primeiro longa-metragem. Não tínhamos dinheiro, não tínhamos tempo, e as pessoas me diziam que eu era louca só de tentar", contou Riggen à Reuters. "La Misma Luna" conta a história de Rosario, que trabalha ilegalmente como doméstica em Los Angeles, depois de deixar o filho Carlos no México. Após anos de afastamento, o menino de 9 anos decide arriscar tudo para cruzar a fronteira e ver a mãe. Segue-se então uma angustiante descrição das agruras que os imigrantes clandestinos enfrentam na viagem e depois da chegada aos EUA. Riggen insiste que ela e a roteirista Ligiah Villalobos não estavam pensando em fazer um filme político. "A imigração não era um tópico tão grande. Na verdade, era considerado um assunto ruim, porque as pessoas não queriam ver filmes a respeito. Mas fui adiante porque nunca pensei nesse filme nesses termos." Para ela, tratava-se mesmo de uma história de amor entre mãe e filho. Ocorre que, no trajeto entre filmagem e lançamento, a questão da imigração se tornou mais importante e polêmica para a opinião pública norte-americana, o que dá um caráter mais contemporâneo a esse drama mexicano. Riggen se diz satisfeita afinal por não ter feito um filme político. "É mais fácil entender -- e mais poderoso e eficaz -- quando você vê as coisas do lado humano", disse ela. A mãe é interpretada pela famosa atriz mexicana Kate del Castillo ("Bordertown"), uma glamourosa estrela no México. A atriz do seriado "Bete a Feia" America Ferrera interpreta uma estudante que leva o menino pela fronteira. Riggen filmou a produção com um orçamento de menos de 2 milhões de dólares e também teve de conquistar o respeito da equipe ao estrear na direção.

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