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Filme italiano ‘Euforia’ reflete sobre laços de afeto

Em seu novo filme, em cartaz, diretora Valeria Golino fala de dois irmãos que seguiram caminhos opostos, mas que se aproximam

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Numa entrevista por telefone, de Roma, Valeria Golino disse que gostaria muito de ter vindo ao Brasil para apresentar Euforia na recente 8 1/2 Festa do Cinema Italiano. Mas o festival de Veneza aproximava-se e ela, como atriz, estava com dois ou três filmes no Lido, incluindo o novo Costa-Gavras. Chamou-o de ‘maestro’ e disse que esse tipo de formato de cinema político, de esquerda, era fundamental num mundo que definiu como ‘horrível’, na seu turno à direita.

Euforia entrou em cartaz em paralelo com a Mostra. Corre o risco de passar despercebido. Não será justo. Atriz talentosa, com papéis importantes na Itália e até nos EUA (Rain Man, de Barry Levinson), ela estreou na direção com Miele. Reincide com Euforia. Uma ‘cronaca familiare’. Dois irmãos que seguiram caminhos diversos. Um deles rico, e com uma intensa vida social. O outro, mais modesto e intimista. Quando o segundo fica doente, vai morar com o irmão. Aproximam-se, constroem laços que nem sabiam existir.

Irmãos de 'Euforia'. Quem precisa de mais ajuda? Foto: Espaço Filmes

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Ao Estado, Valeria contou o que a atraiu nessa história. “Na verdade, foi a questão do afeto. E também uma questão mais delicada – qual dos dois precisa mais de ajuda? No início, parece óbvio. É o enfermo, o que tem menos direito. Mas, à medida que o filme avança, fica claro que outro irmão não é tão forte assim. Ele se fragiliza. Gosto desse tipo de relação, de drama.”

Diante de Euforia, o espectador pode se perguntar: como um filme torna-se universal? “Essa história não aconteceu comigo nem com ninguém da minha família. O ponto de partida foi a situação vivida por um amigo. De repente, eu e todo nosso grupo estávamos envolvidos. Me deu vontade de fazer um filme. Refletir sobre laços. O que, afinal, nos une?”

Euforia marca uma evolução para Valeria, como diretora/autora. É bem escrito, interpretado, realizado. Sem spoiler, o final é muito bonito, e intenso, o tipo de comunhão que ela propõe. Valeria contou que o roteiro foi escrito e reescrito muitas vezes. Por momentos, ela tinha dúvidas – mas o que nunca duvidou é sobre quem seriam seus atores. 

Riccardo Scamarcio faz Matteo, o irmão que só parece mais resolvido. Valerio Mastandrea é Ettore, o ‘professore’. Valeria foi casada com Scamarcio. Separaram-se, mas ele permanece sua alma gêmea. Foram de uma grande entrega aos papéis. E Valeria contou: seguiram o roteiro, às vezes, improvisavam e depois pediam mais uma tomada, de volta ao roteiro. O comprometimento é total. 

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