Filme 'Gonzaga' abre o Festival do Rio

Longa de Breno Silveira abriu a programação em noite de gala no Cine Odeon

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia um monte de estrelas para prestigiar a abertura do Festival do Rio, na quinta à noite, mas nenhuma conseguiu ofuscar a ministra da Cultura, Marta Suplicy. Vestindo vermelho, Marta, escoltada por Vilma Lustosa, do comitê organizador do evento, avançou sob aplausos pelo corredor do Cine Odeon, rumo ao palco. Não fez nenhuma grande declaração sobre seu papel em defesa de mercado para o cinema brasileiro. Mas firmou posição: "A identidade brasileira é muito ligada à cultura, por isso esse festival, que já existe há tanto tempo, fica cada vez melhor".

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O clima era de festa. Ilda Santiago e Walkiria Barbosa, as duas executivas que dão cara ao festival - uma como diretora artística, a outra comandando os debates e seminários que visam ao fortalecimento do mercado -, vestiram-se de gala, bem como a eterna namorada do Brasil, Regina Duarte, que foi a mestra de cerimônia.

Havia, não tão veladamente, um clima de disputa em relação à Mostra de São Paulo, que este ano começa em 19 de outubro, oito dias após o encerramento do Festival do Rio. Sérgio Sá Leitão, diretor da RioFilme - a empresa produtora e distribuidora colocou no seu logo que a cidade maravilhosa é capital audiovisual da América Latina -, não deixou por menos e, pegando carona no gigantismo do evento, disse que o Festival do Rio é não apenas o maior do País como o quinto maior do mundo (após Cannes, Berlim, Toronto e Veneza?).

Disputas à parte, o Festival do Rio este ano desembarca em São Paulo, na semana que vem, por meio de uma programação especial a ser apresentada no CineSesc. Documentários, incluindo Michael Jackson Bad 25, de Spike Lee, e uma seleção da retrospectiva de John Carpenter, o príncipe do terror, serão pérolas (ou pílulas) oferecidas aos paulistanos. O Festival do Rio, afinal, é muito maior, com 427 títulos em 20 seções e 40 locais de exibições. Só de filmes brasileiros, a programação oferece mais de 70.

Expectativa. A abertura foi com Gonzaga, de Breno Silveira, que realiza aqui sua segunda biografia, após 2 Filhos de Francisco. De novo, o diretor mistura música e emoção, e a fórmula também estava em À Beira do Caminho, com canções do rei Roberto Carlos, que foi uma decepção nas bilheterias. Há agora grande expectativa de que Gonzaga - De Pai pra Filho venha a ser o grande sucesso que vai salvar o cinema do País em 2012. Até agora, somente um filme - E Aí, Comeu? -, superou a barreira dos 2 milhões de espectadores neste ano. Gonzaga vai superar o marco? É o que se espera.

O filme é resultado de sete anos de trabalho, quando a produtora Márcia Braga encaminhou para Breno Silveira 15 horas de gravação que Gonzaguinha havia feito com o pai, Luiz Gonzaga, o lendário rei do baião. Breno descobriu neste material uma história de pai e filho. Como gosta. Eles brigam, expõem seus ressentimentos e fazem as pazes. À Beira do Caminho pode ter fracassado na bilheteria porque é um filme triste. Gonzaga tem elementos de melodrama, mas termina para cima. O aplauso final foi consagrador, mas é público de festival, não exatamente o mesmo das sessões normais. Para uma coisa você deve ir se preparando - o filme estreia em 26 de outubro e, em janeiro, passa na Globo como microssérie de quatro capítulos. Gonzaga é interpretado por três atores - Land Vieira, Chambinho do Acordeon e Adélio Lima. Júlio Andrade é Gonzaguinha. Não são menos que extraordinários, mesmo que Adélio e Júlio consigam ser ainda melhores.

 

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