Filme francês reconta história de Chekhov

La Petite Lili, de Claude Miller, é uma versão feliz de A Gaivota, de Anton Chekhov e tem no elenco a musa dos adolescentes franceses Ludivine Sagnier

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Por Agencia Estado
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Enquanto não chega a hora de assistir ao último filme de Clint Eastwood e ao primeiro da trilogia de Peter Greenaway, dois dos principais filmes deste 56.º Festival de Cinema de Cannes, o antepenúltimo dia do evento saudou a maestria do diretor francês Claude Miller e constatou a decepção com o chinês Lou Ye. La Petite Lili, de Miller, é uma versão de A Gaivota, de Anton Chekhov, sem suicídios ou separações, enquanto Purple Butterfly é uma história de amor, traição e espionagem na Xangai dos anos 30. A estrela de Miller desta vez é a musa dos adolescentes franceses Ludivine Sagnier, de 23 anos, que é também protagonista de outro filme que concorre à Palma de Ouro em Cannes: Swimming Pool, de François Ozon. Miller é um diretor de 61 anos que faz um filme a cada três ou quatro anos, tendo realizado 11 filmes, entre eles, Cidadão sob Custódia (1981), com Romy Schneider, e produziu o cult A História de Adele H. (1975), de François Truffaut, com Isabelle Adjani. Com La Petite Lili, filmada em alta definição, Miller se dá ao luxo de reescrever A Gaivota, mantendo intactos os dois primeiros atos e mudando o terceiro, para que os personagens possam viver felizes e contentes depois de ter aprendido a lição que na versão original da peça haviam se negado a aprender. Assim, o filho suicida se torna um diretor de sucesso ao contar a história de sua família (com o final trágico), sua mãe se reconcilia com seu amante e sua noiva se torna uma atriz popular que fará de tudo para conseguir recriar sua vida no filme. O filme se destaca pela beleza solar de Ludivine Sagnier e a crepuscular de Nicole Garcia, pelo porte do grande senhor da cena Jean-Pierre Marielle, a economia de gestos de Bernard Giraudeau e o sofrido desespero de Julie Depardieu. Já a trama e o ambiente de Purple Butterfly davam para muito mais que a arrevesada história de amor, traição e espionagem de Lou Ye. O filme se passa na Xangai dos anos 30, pouco antes da invasão japonesa e trata da história de amor entre um japonês e uma chinesa que atravessa o conflito entre os dois países. Hoje, a imprensa internacional reunida em Cannes recebeu com tímidos aplausos o filme argentino Hoy y Mañana, do estreante Alejandro Chomski, que compete pelo prêmio da mostra paralela fora de concurso "Un Certain Regard". O filme estrelado por Antonella Costa conta a história de uma joven atriz que precisa se prostituir para pagar o aluguel e a conta do gás.

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