Filme decifra mistério de Johannes Vermeer

Moça com Brinco de Pérola ganhou o Oscar de Melhor Fotografia. Mas quem se destaca é a atriz Scarlet Johansson, cuja semelhança com a modelo do famoso quadro de Vermeer é impressionante

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Por Agencia Estado
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Protagonista de Moça com Brinco de Pérola, a atriz Scarlet Johansson impressiona pela semelhança com a garota que serviu de modelo para o famoso quadro do pintor holandês Johannes Vermeer. O filme, que estréia hoje, se baseia no livro de Tracy Chevalier, sobre o que teria sido a relação do mestre da luz com a jovem que imortalizou na pintura, e é dirigido pelo estreante Peter Webber. Para o diretor, a tarefa ficou mais fácil a partir do momento em que descobriu Scarlet, a atriz de Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola. Resolvido o problema da atriz, surgiu o dilema de como reproduzir, na tela de cinema, o mistério da cor (e da luz) na tela de Vermeer, artista do século 17, que retratou cenas da vida burguesa, mas repletas de intenções morais, nas quais a composição é sempre geométrica e os elementos tendem a ser dispostos simetricamente. Webber embutiu vários temas no filme. Um deles é a relação entre arte e comércio, outro é o conflito de classes e um terceiro é a relação (afetiva? erótica?) que se estabelece entre o pintor e sua modelo. No filme, Vermeer, interpretado por Colin Firth, pinta encomendas que não cobrem as despesas da casa. Sua sogra está sempre bajulando o mecenas que, lá pelas tantas, tenta abusar da modelo, achando que ela é como outra criada que Vermeer engravidou. O filme sugere que ele teria sido um pré-Picasso, para buscar o paralelismo com outro grande pintor amante das mulheres. O tema das distinções de classes é permanente porque a modelo é integrante de uma família protestante empobrecida, o que a força a ir trabalhar como criada na casa do mestre, que ocorre ser católico, colhendo o desprezo da filha e o ciúme da mulher do pintor. Ambas infernizam a vida de Griet, nome da personagem de Scarlet Johansson. A maior restrição que se pode fazer ao filme de Peter Webber é que ele trata tudo superficialmente, talvez por reconhecer no aspecto visual o maior desafio do projeto em que se meteu. Webber teve um forte aliado no fotógrafo Eduardo Serra, que assumiu com ele a aposta de fazer um filme com as cores de Vermeer. A luz do filme é fascinante e, com certeza, foi decisiva para o Oscar de fotografia que Moça com Brinco de Pérola recebeu. Mas grande atração é a maravilhosa Scarlet.

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