Filme de Nelson Pereira dos Santos é censurado no Japão

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Por Agencia Estado
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Trinta anos depois de sua proibição no Brasil pela ditadura militar, uma das principais obras do cineasta Nelson Pereira dos Santos é censurada nos cinemas japoneses por decisão de uma comissão de censura impressionada pela nudez integral dos índios que aparecem no filme. Filmada em 1970, Como era gostoso o meu francês se transformou na última das vítimas de um enfoque "exótico" da moralidade, que fecha os olhos diante dos "mangás" (desenhos animados), que fazem apologia ao estupro, mas esconde em seus traços toda aparição de pêlo pubiano. É bom compreender o título literalmente, já que na história de Santos, situada no século 16, o francês em questão acaba sendo comido por índios da tribo Tupinambá, dos quais era prisioneiro. O filme devia ser apresentado nesta semana no Instituto Franco-japonês de Tóquio, co-organizador de um festival dedicado ao diretor de Vidas Secas, obra fundadora do cinema Novo brasileiro. "É a questão da nudez masculina frontal", explica com filosofia Nelson Pereira dos Santos, que viajou a Tóquio para o evento. O cineasta brasileiro recorda que o filme havia sido rechaçado, pelo mesmo motivo, na seção oficial do Festival de Cannes, mas recuperada pela Quinzena dos Realizadores, que então dava seus primeiros passos. No Japão, Como era gostoso o meu francês foi objeto da ira da Comissão do Código Ético Cinematográfico, um grupo de personalidades anônimas que se reúne a cada seis meses.

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