Filme de Greenaway revive história de quadro veneziano roubado

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Por Eliza Apperly

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ROMA (Reuters Life!) - Enquanto o 66 Festival Internacional de Cinema começa em Veneza, a première mundial do filme "The Marriage", do diretor britânico Peter Greenaway, dá vida a uma das pinturas mais preciosas da cidade.

O filme de 40 minutos, que será exibido na próxima sexta-feira, prossegue com a exploração feita por Greenaway do quadro "As Bodas de Caná," de Paulo Veronese, uma vasta cena de banquete finalizada pelo mestre renascentista italiano em 1563 e roubada de Veneza pelas tropas de Napoleão pouco mais de dois séculos depois.

Com quase 70 metros quadrados de área, As Bodas de Caná retrata o milagre do Novo Testamento no qual Jesus transforma água em vinho.

Mesclando detalhes venezianos contemporâneos e antigos, a pintura retrata 126 personagens em uma refeição suntuosa descrita por Greenaway como uma "festa real, longe de ser bíblica", de acordo com o diário italiano Il Corriere della Sera.

Como parte do festival de arte Biennale deste ano, Greenaway apresentou uma instalação multimídia baseada na pintura do refeitório do monastério beneditino de San Giorgio Maggiore, onde o quadro foi pendurado pela primeira vez.

Mas no novo filme, que mistura fatos históricos e ficção, Greenaway sugere que o tema original da pintura de Veronese foi uma versão infame do casamento do próprio Cristo.

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O filme, o terceiro de uma série de nove nos quais Greenaway explora os antigos mestres, segue o interesse do diretor nas relações entre pintura e cinema.

"As duas linguagens têm tanto em comum que deveria haver diálogo e troca entre elas com muito mais freqüência e de forma mais direta", afirmou Greenaway em um comunicado divulgado pela Change Performing Arts, que produziu o filme.

O cineasta, que foi muralista antes de começar a fazer filmes experimentais em 1966, produziu mais de 50 curtas e documentários, assim como elogiados longas como "O Contrato do Amor" e "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante."

Seu último filme toca em um tema caro a muitos venezianos. Por 234 anos, a obra-prima de Veronese ficou pendurada no refeitório do monastério até ser levada na invasão napoleônica de 1797 e enviada à França.

A pintura foi cortada pela metade durante a viagem e rejuntada em Paris. Nos tratados de conciliação pós-Napoleão, que procuraram devolver as obras de arte saqueadas, As Bodas de Caná não foi devolvida a Veneza e até hoje está no Louvre.

A instalação de Greenaway para a Biennale, que ocorre até 13 de setembro, usa uma reprodução da pintura instalada em seu lugar original em 2007, combinada com imagens digitais de última geração.

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