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Filme de Cronenberg é um dos favoritos em Cannes

Figura freqüente no Festival de Cannes, o diretor exibiu O Anjo da Morte, sobre o impacto da violência em uma família

Por Agencia Estado
Atualização:

As cenas iniciais de A History of Violence (O Anjo da Morte) mostram uma família amorosa em uma pequena cidade de Indiana. Este começo do filme de David Cronenberg sugere que, em breve, a vida dessas pessoas ficará bastante bagunçada. O diretor de A Mosca é figura freqüente no Festival de Cannes, tendo presidido o júri em 1999 e vencido um prêmio especial por Crash. Apesar disso, ele nunca venceu a Palma de Ouro, o prêmio máximo do evento, o que pode acontecer com seu novo filme, que foi exibido hoje e tornou-se um dos favoritos ao prêmio. O filme mostra como uma inesperada explosão de violência transforma o proprietário de uma lanchonete (Viggo Mortensen) e sua família. Há muito sangue, mas Cronenberg diz que não é gratuito. "É uma discussão séria sobre a natureza da violência e o impacto que ela tem na sociedade e família", disse o diretor. No começo do filme, o personagem de Mortensen, Tom Stall, é visto ao lado de sua família, com sua amorosa mulher. As coisas começam a ficar esquisitas quando mafiosos da Filadélfia entram na vida de Tom, convencidos de que ele é um aliado perdido há tempos. Em Cannes, o diretor canadense tem um histórico de causar desconforto e controvérsia. Também hoje foi exibido o novo longa de Lars von Trier, Manderlay, em que a escravidão e o racismo são abordados. O filme é a segunda parte de uma cáustica trilogia que o cineasta está produzindo sobre os Estados Unidos. O primeiro foi Dogville. Manderlay começa onde Dogville terminou, com a personagem originalmente criada por Nicole Kidman - agora interpretada por Bryce Dallas Howard - encontrando um plantação esquecida pelo tempo, onde a escravidão ainda existe nos anos 1930. Como em Dogville, um conto da época da Depressão em que a filha de um mafioso se vinga de uma cidade que a explorou, Manderlay poderia ser sobre a sua terra natal, a Dinamarca, ou sobre qualquer país, disse von Trier. Ele escolheu situar a trilogia nos Estados Unidos por ter uma cultura muito dominante, explicou o cineasta. "América está sentada no mundo. Não há dúvidas", disse Von Trier, cujo filme Dançando no Escuro foi premiado em Cannes em 2000. No filme, ao se deparar com uma fazenda no Alabama em que os trabalhadores ainda são escravizados, Grace intervém, usando a força dos homens de seu pai para libertar os escravos e levar a democracia à força ao local, uma curiosa analogia à política externa do presidente George W. Bush. Os ex-escravos tornam-se proprietários e os brancos são subjugados. O filme segue o padrão de Dogville, sendo filmado com cenários esparsos. No elenco de Manderlay há vários atores que estavam no elenco de Dogville, alguns como personagens diferentes, como Lauren Bacall, Jeremy Davies e Chloé Sevigny. Von Trier queria ter feito toda a trilogia com Nicole, que não conseguiu fazer a segunda parte alegando problemas de agenda. Ele planeja fazer um intervalo antes de fazer a terceira parte, Whasington, que depende da disponibilidade de Bryce.

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