Filme da Malásia vai a Cannes sem kung fu ou beldades asiáticas

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Por JENNIFER HENDERSON
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Um cineasta malaio cujo primeiro longa-metragem foi escolhido para ser mostrado no Festival de Cinema de Cannes quer provar que o cinema asiático pode atrair o público internacional sem recorrer a estereótipos. Dirigido por Chris Chong, que nasceu em Sabah, na ilha de Bornéu, "Karaoke" trata da vida num vilarejo e será o primeiro filme malaio que chega a Cannes desde "Kaki Bakar" (O Incendiário), de 1995. "Acho que as pessoas vão descobrir o cinema malaio aos poucos, porque é muito diferente dos filmes de kung fu, filme de artes marciais com lindas mulheres asiáticas e esse tipo de cinema sensual", disse Chong à Reuters. O filme trata da vida num vilarejo e da indústria de azeite de palmeira na Malásia. Inclui cenas da colheita e do processamento do azeite, durante o dia, contrastando com as luzes piscantes do clube de karaokê onde os trabalhadores se reúnem à noite. Betik, o personagem principal, é um jovem malaio que retorna da cidade grande para seu povoado. Sonhando em assumir a direção do karaokê da família, ele volta a viver a vida do vilarejo, ao lado de sua nova namorada, Anisah. Mas Betik não demora a descobrir que a vida não é tão simples quanto é retratada nos vídeos de karaokê e que seu lar não é mais o que era. Os vídeos de karaokê foram feitos especialmente para o filme e escritos pelo cantor e compositor malaio Shanon Shah de modo a permanecer fiéis à cultura do karaokê malaio, disse Chong. Chong já dirigiu filmes de curta-metragem, mas a inspiração de seu primeiro longa surgiu depois de ele fazer um hiato de três anos em seu trabalho como cineasta e depois de assistir a um vídeo de karaokê. A escassez de representação da Malásia no cenário cinematográfico mundial é algo que Chong atribui à natureza volúvel dos festivais, que acompanham as tendências mundiais.

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