
20 de maio de 2012 | 17h13
"Amour", nome original do filme, falado em francês, acompanha um casal idoso, ex-professores de música que desfrutam de uma aposentadoria confortável, em Paris até que Anne, interpretada por Emmanuelle Riva, sofre um derrame.
"É um filme muito poderoso e um filme muito solene. Poderia quase parecer um documentário sobre esse acontecimento terrível e doloroso", disse Emmanuelle, mais conhecida por sua participação em "Hiroshima Mon Amour", de 1959, durante uma entrevista coletiva à imprensa. "É tremendamente simples e, por ser tão simples, é tão poderoso", acrescentou, falando em francês.
Muitas lágrimas foram derramadas durante a exibição do filme para a imprensa, antes da estreia mundial neste domingo em Cannes, e a julgar pelos comentários entusiasmados postados pelos críticos em blogues e no twitter, Haneke já está entre os favoritos na disputa pelo prêmio principal, a Palma de Ouro.
Georges, o amoroso esposo de Anne, interpretado por Jean-Louis Trintignant, luta admiravelmente para se adaptar à situação enquanto o estado de Anne se deteriora, mas Haneke é impiedoso ao nos mostrar a banalidade e tristeza da rotina diária que caracteriza a nova vida do casal.
Vemos Georges ajudar Anne a ir da cama para a cadeira de rodas, a ir ao banheiro ou durante monótonas sessões de fisioterapia, e em cada situação o público é arrastado para o seu mundo, dolorosamente consciente de que a morte se aproxima. "Nada disso merece ser mostrado", diz Georges à filha Eva, interpretada por Isabelle Huppert, quando a fala de Anne se deteriora, se transformando em um balbuciar incoerente.
APOSENTADORIA DE LADO
Haneke convenceu o veterano ator Trintignant, de 81 anos, a abandonar a aposentadoria para interpretar Georges.
Trintignant ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes em 1969, pelo filme político "Z".
"Sofri enormemente, mas… estou muito satisfeito com o nosso trabalho", disse Trintignant.
"Foi doloroso, mas ao mesmo tempo muito bonito."
Haneke ganhador da Palma de Ouro em 2009, por "A Fita Branca", e presença constante em Cannes, disse que seu novo filme não é um comentário sobre os idosos ou o tratamento que a sociedade dá a eles. Em vez disso, afirmou, está muito orgulhoso por fazer um filme "simples" sobre um relacionamento e seu fim inevitável.
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