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Filme chileno 'O Vento Sabe que Volto à Casa' vence o Olhar de Cinema

Longa é dirigido por dirigido por José Luís Torres Leiva

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

CURITIBA - O filme chileno O Vento Sabe que Volto à Casa foi o grande vencedor do 5º Olhar de Cinema, realizado na capital paranaense. O filme, dirigido por José Luís Torres Leiva, venceu a mostra competitiva de um evento que busca novas linguagens e privilegia propostas estéticas mais ousadas, mas que mantenham comunicação com o público. Parece dar certo. As salas estavam lotadas ao longo do festival.

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O filme vencedor conduz um personagem a uma das ilhas do litoral chileno, em busca de uma história estranha, a de um casal que sumiu, sem deixar traços, mais de 30 anos atrás. Através de conversas com os habitantes, descobre-se que existe uma sutil discriminação na ilha, uma fronteira que separa descendentes de indígenas dos "mestiços", de sangue espanhol. O casal desaparecido era "misto", e esta seria uma das explicações para o fato. Mas outros fatores podem ter entrado em jogo.

O curioso do filme é a maneira como o narrador vai, através da conversa, se familiarizando com os habitantes até que estes contem detalhes bastante íntimos da organização familiar da ilha. O que mereceu comentário jocoso de um especialista: "Parece até que ele foi discípulo do Eduardo Coutinho", referindo-se à arte do nosso maior documentarista em manter conversas reveladoras com seus personagens e deles extrair o melhor.

Na mesma categoria, Irmãos da Noite, de Patric Chiha, da Áustria, venceu o Prêmio Especial do Júri, enquanto o brasileiro Eles Vieram e Roubaram Sua Alma, de Daniel de Bem, do Rio Grande do Sul, levou o prêmio de contribuição artística.

Já o público escolheu como melhor filme o longa baiano Cidade do Futuro, de Cláudio Marques e Marília Hughes, sobre a relação entre uma mulher e um casal masculino homoerótico, obra importante no contexto de neoconservadorismo atual. Como curta-metragem o público elegeu A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, que há pouco participou do Festival de Cannes onde recebeu uma menção honrosa. O filme é divertido e consegue lançar um olhar original sobre o ambiente neopentecostal.

O prêmio da crítica, dado pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), foi para o chinês Um Outro Ano, de Shengze Zhu. O filme é bastante original ao buscar numa sequência de 13 refeições de uma mesma família, sempre filmada em câmera fixa e tempo real, um retrato tanto social quanto intimista dos personagens.

Com sua exibição de clássicos restaurados (Anna, Amarcord, Como Era Verde meu Vale, O Manuscrito de Saragoça, etc.), filmes contemporâneos bem escolhidos para a competição e um cardápio variado e oportuno de seminários e debates, o Olhar de Cinema manteve o nível alto de sua realização.

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