Filme argentino supera dificuldades orçamentárias

El Bonaerense, de Pablo Trapero, exibido na mostra Un Certain Regard, é de uma vitalidade extraordinária

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Por Agencia Estado
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Walter Salles adorou. O diretor de Central do Brasil e Abril Despedaçado, integrante do júri presidido por David Lynch, foi ver El Bonaerense na sessão para a imprensa. O filme do argentino Pablo Trapero participa da mostra Un Certain Regard, ou seja, integra a programação oficial, mas não concorre à Palma de Ouro. É de uma vitalidade extraordinária. Trapero, que ganhou há dois anos o grande prêmio dos Encontros de Cinemas da América Latina em Tulon, pelo filme Mundo Grúa, confirma a originalidade do seu talento e o vigor crítico do olhar que lança sobre a realidade da Argentina. O filme conta a história da iniciação de um jovem aspirante a policial. Ele faz sua escalada na violência e na corrupção. Nem tem consciência disso. Envolve-se com uma colega policial. A primeira cena de sexo entre os dois é a mais forte vista até agora em todas as sessões do festival. Logo em seguida a barra pesa e o protagonista vai ficando cada vez mais violento. As cenas de sexo também ficam mais violentas. A mulher tenta afastar-se dele, mas não é fácil. Num breve encontro com jornalistas, Trapero falou da extrema dificuldade de rodar El Bonaerense. As condições foram particularmente complicadas pela instabilidade política e pela crise econômica que se abateram sobre a Argentina. Ao longo da produção, sucederam-se nada menos do que cinco presidentes no País, o dólar estourou e chegou quase aos quatro pesos. Tudo isso criou problemas orçamentários que a equipe tinha de resolver no dia-a-dia da rodagem. O mais impressionante é que nada disso transparece na tela. A força de El Bonaerense vem do fato de retratar a realidade de um país que, com a crise financeira, também afunda na violência.

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