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Filme anti-religiões prega aos convertidos

Por ED STODDARD
Atualização:

No novo filme estrelado por Bill Maher, "Religulous", o comediante diz que quer que descrentes como ele "saiam do armário" e contestem o que ele afirma ser a influência perigosa da religião sobre o mundo. A julgar pelas críticas e reações do público testemunhadas em alguns cinemas americanos no fim de semana, é possível que tudo o que Maher tenha conseguido com seu filme, que ironiza o cristianismo, o judaísmo e o islã, é pregar aos já convertidos. O LA Times disse em sua resenha: "Porque (Maher) quer acima de tudo divertir, ele formula suas perguntas não a pensadores religiosos sérios, mas aos malucos de diversos tipos que povoam as margens da religião, assim como povoam as margens do ateísmo". "O humor que ele cria às expensas deles não prova nada, a não ser que dar as cartas com um baralho arranjado só beneficia a quem as dá". O filme, que estreou no fim de semana em cerca de 500 cinemas norte-americanos, com bilheteria de 3,4 milhões de dólares, encontrou ressonância entre os "convertidos" de Maher, mas enfureceu alguns fiéis. Num cinema em um subúrbio de Dallas, na sexta-feira, o público aplaudiu quando os créditos começaram a aparecer na tela - um fato raro. "Foi divertido, mas também profundo", disse o técnico de informática Ryan Karakani, 23 anos, de ascendência iraniana mas cujo avô foi pastor anglicano. Em Phoenix, o público do dia de estréia vaiou e gargalhou durante os 101 minutos do filme, e vários espectadores disseram mais tarde que o acharam divertido, edificante e um consolo. A diretora de recursos humanos Tracey Ewens, que se descreveu como "espiritualizada, mas não religiosa", o filme "mostrou o absurdo das religiões convencionais". Mas outras pessoas não acharam tão divertidas as perguntas que Maher fez de surpresa a um ator que representava Jesus num parque temático cristão na Flórida, a um rabino anti-sionista e a um político do Arkansas que questiona a teoria da evolução. Vários de seus alvos eram evidentemente pessoas que vivem às margens da religião, como um pregador de Porto Rico que afirma ser uma nova encarnação de Jesus Cristo. Algumas das cenas foram evidentemente editadas para fazer as pessoas parecerem tolas. Em entrevista dada no mês passado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, onde "Religulous" fez sua estréia, o diretor do filme, Larry Charles, disse que a intenção principal não foi fazer um estudo sério de questões religiosas. "Nosso critério principal foi fazer o filme ser divertido, e o divertido transcende a maioria das crenças. Se fizermos o público rir, teremos realizado nosso objetivo", disse ele.

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