Festival Varilux retorna com muitas promessas

Dentre elas, François Ozon traz o premiado drama ‘Graças a Deus’; evento começa nesta quinta (6)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Em sua 10.ª edição no Brasil, o Festival Varilux do Cinema Francês começa nesta quinta, 6, com atrações muito especiais. O eclético e sempre talentoso François Ozon, com seu novo drama premiado em Berlim, Graças a Deus, aborda casos de abuso na Igreja Católica e um outro olhar para a questão gravíssima do abuso infantil está em Inocência Roubada, de Andréa Bescond e Éric Metayer, sobre uma mulher adulta que identifica nas brincadeiras de criança com um amigo da família a origem de suas fissuras emocionais.

Cena de Graças a Deus Foto: MANDARIM FILMS

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Todo ano, o festival traz ao Brasil filmes que têm distribuição assegurada, e o que o evento proporciona aos cinéfilos é a possibilidade de ver logo esses filmes, sem ter de esperar meses pelo lançamento comercial. Também todo ano, o festival resgata um clássico do cinema francês e o da edição de 2019 é Cyrano de Bergerac, que Jean-Paul Rappeneau adaptou da peça de Edmond Rostand em 1990, com Gerard Depardieu. Entre os novos filmes está Cyrano Mon Amour, de Alexis Michalik, que reconta a história do narigudo genial de um outro ângulo.

No filme, Rostand, desempregado e com família para sustentar, convence um renomado ator de que tem a peça ideal para ele – só que ainda não a escreveu e está seco de ideias. Talvez essa necessidade urgente de criar, de se reinventar, seja o motor que impulsiona todo artista (e impregna o 10. Festival Varilux). De alguma forma, foi o que disse Juliette Binoche ao repórter em Berlim, no ano passado, sobre outra atração do evento. Quem Você Pensa Que Sou?, de Safy Nebbou. No filme, ela cria uma identidade falsa na internet. O que é falso, o que é verdadeiro? “Nunca sabemos o que é 100% verdadeiro nas redes sociais, mas nem por isso deixo de participar. É lúdico, e uma ferramenta valiosa para estar em contato com outras pessoas. Só não podemos perder a lucidez.”

Festival quer chegar à marca de um milhão de espectadoresDentre seus 17 filmes, um dos destaques  deverá ser para ‘Cyrano de Bergerac’, de Jean Paul Rappeneau

Em 2010, o 1º Festival Varilux do Cinema Francês no Brasil foi realizado em 11 salas de nove cidades e atingiu a marca de 25 mil espectadores. No ano passado, foram 118 salas de 88 cidades e o público disparou para 172 mil espectadores. Em 2019, quando se celebra a décima edição, a meta, ampliando-se o número de cidades e salas – ainda está sendo fechado – é chegar a 1 milhão de espectadores.

O Festival Varilux 2019 deve apresentar 17 novos filmes e resgatar um clássico – Cyrano de Bergerac, de Jean Paul Rappeneau, com Gerard Depardieu. Coincidentemente, um dos lançamentos é Cyrano Mon Amour, que conta a história do criador do narigudo genial, Edmond Rostand (leia nesta página). A seleção de títulos é formada por filmes que têm distribuição garantida no País, e o ponto é permitir que o cinéfilo os veja logo, sem ter de esperar meses pelo lançamento comercial. Para garantir o glamour, a empresa produtora do festival, a Bonfilm de Christian Boudier, organizou uma delegação de artistas que acompanha as obras selecionadas. Nesta quarta, 5, o grupo dá uma coletiva em São Paulo e, à noite, inaugura o festival. A partir de quinta, a delegação concede entrevistas individuais no Rio e debate os filmes em salas. Entre os integrantes estão os diretores Pierre Scholler, de A Revolução em Paris, e Alexis Michalik, do novo Cyrano; e também atores como Swann Arlaud de Graças a Deus, de François Ozon, premiado em Berlim, em fevereiro e que também compartilha com Joséphine Japy o elenco de Amor à Segunda Vista, de Hugo Gélin.

Pierre Scholler trabalhou seis anos em seu épico sobre a gênese da Revolução Francesa com Louis Garrel, Adèle Haenel, Gaspard Ulliel e Denis Lavant. Louis, filho de Philippe Garrel, também interpreta e dirige um dos filmes imperdíveis dessa programação – Um Homem Fiel. Herdeiro, como o pai, da tradição da nouvelle vague, Louis Garrel baseia-se livremente em As Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos. Sua curta filmografia – curtas, um média e o longa Dois Amigos – é bem coerente. Seus personagens nos longas têm o mesmo nome, e não é mera coincidência – Abel. Interessa-lhe criar heróis de perfil romântico, mas com intenções críticas. Louis tem o pé na modernidade.

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Dois filmes fortes sobre abuso infantil – Graças a Deus, de François Ozon, e Inocência Roubada, de Andréa Bescond e Éric Métayer – vão dar o que falar. A mulher moderna é retratada em Quem Você Pensa que Sou?, de Safy Nebbou, em que Juliette Binoche cria perfil de garota nas redes sociais para seduzir jovem de 24 anos, e Filhas do Sol, de Eva Husson, tema explosivo, mas realização um tanto débil, sobre mulheres no Curdistão.

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