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Festival mostra premiados de Cannes

Um Sonho de Domingo, de Bertrand Tavernier (1984), Thérse, de Alain Cavalier (1984), Van Gogh, de Maurice Pialat (1991) estão entre os filmes da mostra

Por Agencia Estado
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A mostra tem título meio gongórico: Os Sete Diamantes de Cannes. Sete belos filmes, ainda que de quilates diferentes. Por ordem cronológica, as gemas são as seguintes: A Batalha dos Trilhos, de René Clément (1945), Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch (1966), O Caminho da Vida, de Claude Sautet (1970), Le Dossier 51, de Michel Deville (1978), Um Sonho de Domingo, de Bertrand Tavernier (1984), Thérse, de Alain Cavalier (1984), Van Gogh, de Maurice Pialat (1991). São filmes que foram contemplados com algum prêmio em Cannes, mas não necessariamente o prêmio máximo. Qualquer deles é, pelo menos, digno de atenção. Alguns ótimos, como são os casos de Thérse, Um Sonho de Domingo e Van Gogh. Thérse, de Alain Cavalier, lembra, por seu despojamento, uma estética tipicamente bressoniana. Fala da garota que vai tornar-se Santa Teresa de Lisieux, entrando no convento e lá exercendo sua vocação, meio martiriológica. Tudo é mostrado contra um fundo neutro, sobressaindo a interpretação precisa de Catherine Mouchet. Van Gogh, de Pialat, é outro filme que aposta no despojamento. Prefere contar a vida do pintor sempre evitando seus aspectos mais folclóricos. O tempo todo, por exemplo, o espectador fica esperando pelos fatos mais manjados da biografia do homem atormentado, mas eles não chegam. O cineasta quis aproximar-se do ser humano, mesmo que para isso tivesse de desistir de interpretar o mistério artístico. Um lugar à parte na programação deve ser ocupado por Um Sonho de Domingo - Un Dimanche à la Campagne, no original. Esse domingo no campo é o mais impressionista dos filmes. Tudo nele se refere à luz, à sombra, ao recorte sensível entre a arte e a vida das pessoas. Ladmiral (Louis Ducreaux) é o velho pintor acadêmico que recebe a visita dos filhos e netos em sua casa no campo. Tudo é uma despedida do velho senhor, que sabe que não ousou muito em sua existência, tem uma filha doidivanas e um filho nulo. Sua arte não vale grande coisa - e ele é o primeiro a reconhecer. Enfim, há a reconciliação com as limitações e uma pequena epifania no final. O tom do filme, sobretudo, é uma surpresa para quem só conhece a fase mais social de Tavernier. Enfim, há Um Homem, Uma Mulher, de Lelouch, um capítulo à parte na história do cinema comercial francês. Comercial, sim. E quem não se envolve com esse caso de amor entre dois seres amargurados? É convencional, mas delicioso de ver. Ou pelo menos era. Os Sete Diamantes de Cannes. Legendas em espanhol. De quinta a domingo, às 14h10, 16h e 21h30. Cineclube Vitrine. Rua Augusta, 2.530, tel. 853-7684. Amanhã, às 18h, 19h45 e 21h30; sábado, às 16h, 18h, 20h e 22h; terça e quinta, às 18h, 20h e 22h; quarta, às 18h e 21h. R$ 8. Sala Cinemateca. Largo Senador Raul Cardoso, 207, tel. 5084-2177

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