Festival Fino Filmes traz 13 curtas-metragens e debates com personalidades

Lázaro Ramos, Ana Maria Gonçalves e Cristiane Jatahy são alguns dos convidados para os debates online, até o domingo, 5 de julho; filmes estão disponíveis no streaming da Spcine Play

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Criado e dirigido pelo cineasta Felipe Poroger, o Festival Finos Filmes chega à sua sétima edição em versão online — contingências da pandemia — e ela começa nesta terça, 30. Em tempos de isolamento social, vira mostra beneficente de curtas, com o adicional de debates ao vivo que ocorrerão durante toda a semana, até o domingo, 5. Os 13 curtas foram escolhidos entre mais de 200 títulos que se inscreveram para o processo seletivo. Estão disponíveis desde o dia 25 no streaming da Spcine Play.

Os debates, ao vivo, ocorrerão no canal de YouTube do MIS/ Museu da Imagem e do Som, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado que acolhe o evento como parte de sua programação do #MISEmCasa. Serão seis debates ligados aos curtas selecionados e, para começar, nesta terça, às 8 da noite, sob o título Resgatar o passado, Construir o futuro, Lázaro Ramos e Ana Maria Gonçalves estarão conversando com o público a partir dos curtas Sem Asas, de Renata Martins, e A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro.

Lázaro Ramos é um dos convidados para debater no 7.º Festival Finos Filmes Foto: Marco del Fiol

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Lázaro estourou há 18 anos e virou referência – em teatro, cinema e TV – desde que irrompeu como Madame Satã no longa de Karim Ainouz. Na quarta, 1.º, o debate será mais cedo, às 18h. Helena Ignez, grande musa transgressora do cinema brasileiro, do Cinema Novo aos próprios filmes, passando pelo cinema marginal de Rogério Sganzerla, vai debater com Diná Alves e Alice Marcone, mediação de Sarah Oliveira, Corpo e Liberdade. Os curtas que embasam a discussão são Carne, de Camila Kater, Liberdade É Uma Palavra, de Stephanie Ricci, e Bonde, de Asaph Luccas.

Questões de raça e gênero têm estado presentes no debate que movimenta a produção cultural e as redes sociais mesmo nesse período de pandemia. As desigualdades e demais problemas não têm dado trégua e as questões de sociedade são viscerais. Na quinta, 2, às 18h, Eliane Caffé, Eugenio Bucci e Stephany De Paula, com a mediação de Yasmin Santos, debatem a produção de imagens e os filmes como instrumentos de resistência, a partir de Imagens de Um Sonho, de Leandro Olímpio, e Conte isso Àqueles Que Dizem Que Fomos Derrotados, de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito. O momento é de mobilização.

Essa noção de resistência com certeza vai permear também o debate do dia 4, às 15h, Cinema Brasileiro Hoje. Antônio Pitanga, outro ícone da produção audiovisual, ator de grandes filmes de grandes diretores do Cinema Novo, debate com seu diretor em Casa de Antiguidades, João Paulo Miranda Maria, e a mediação de Laís Bodanzky, presidente da Spcine e grande diretora. A produção anuncia convidados-surpresa, mas, independentemente de quem sejam, o fato de o filme haver sido selecionado para o Festival de Cannes deste ano já garante o poder de atração desse encontro.

Em entrevista ao Estadão, Miranda disse que não pensou especificamente num protagonista negro. Imaginou seu personagem forte, carismático confrontado com o racismo de uma comunidade do Sul do Brasil. A presença de Pitanga e o caso George Floyd, nos EUA, simultâneo à seleção de Casa de Antiguidades para Cannes, criaram uma especificidade à qual não será possível fugir.

Dia 3, às 18h, o debate é sobre Arte, Memória e Tecnologia, com a participação de Cristiane Jatahy, Michel Laub e Silvana Baia. Rita Mattar fará a mediação e a discussão se fará a partir dos filmes Recording Art, de Bruno Moreschi e Gabriel Pereira, Luís Humberto, o Olhar Possível, de Mariana Costa e Rafael Lobo, e Sangro, de Tiago Minamisawa, Bruno Castro e Guto BR.

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Cristiane tem feito um importante trabalho de incorporação do audiovisual à montagem cênica. Seus cortes secos, trafegando entre palco e tela, lhe deram projeção internacional e a levaram a Paris, onde criou, para a Comédie Française, o espetáculo A Regra do Jogo, inspirado pelo clássico de Jean Renoir, de 1939.

Para encerrar, no dia 5, às 15h, o próprio Felipe Poroger fará a mediação do debate sobre Percepções do Tempo, com Pastor Henrique Vieira e convidados. Tempo e política, os desafios da política e do audiovisual no atual momento brasileiro, a partir dos filmes Aos Cuidados Dela, de Marcos Yoshi, Baile, de Cíntia Domit Bittar, e Guaxuma, de Nara Normander.

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