Festival do Rio começa com "Dália Negra"

Evento que tem início nesta quinta-feira e vai até o dia 5 de outubro traz 380 filmes e abre com longa de Brian De Palma protagonizado por Scarlett Johansson

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Por Agencia Estado
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Importantes convidados internacionais estão confirmados - os diretores Alejandro González Iñárritu e Bruno Dumont, ambos premiados em Cannes, em maio; a atriz Charlotte Rampling, que presidiu o júri do Festival de Berlim, em fevereiro. Mesmo que não viessem, dificilmente o público teria tempo de sentir sua falta no Festival do Rio, que começa Nesta quinta-feira e vai até dia 5. Durante duas semanas, 380 filmes serão exibidos em 23 mostras que ocuparão 37 locais na cidade toda, de cinemas a lonas culturais. Brian De Palma e sua "Dália Negra" foram escolhidos para a abertura, com pompa e circunstância. O filme também abriu o recente Festival de Veneza, onde o erotismo do diretor provocou sensação. Agora, o Rio. Em 1895, o cenário já existia - a Baía de Guanabara. Faltava só inventar o cinema. É o slogan do grande evento que transforma o Rio na capital do cinema no Brasil. Logo em seguida, a capital transfere-se para São Paulo, com a Mostra Internacional de Cinema, que completa 30 anos. Setembro e outubro são os meses sonhados pelos cinéfilos brasileiros porque neles se abrem as janelas que trazem, para o País, o melhor do cinema mundial. Do mundial? No Rio, a Première Brasil virou vitrine da melhor produção brasileira. A de 2006 está espetacular - e cheia de filmes assinados por diretores de São Paulo, o que é importante porque cariocas e paulistas vivem em rixa por causa da divisão de verbas do cinema brasileiro. A Première Brasil fornece a trégua. É tempo de mostrar, ver e discutir os filmes que vão fazer história. Como megaevento, o festival não quer ser só panorâmico das novas tendências nem resgate de obras antigas ainda essenciais. Além dos filmes, abriga o mercado e sete seminários que vão reunir 130 palestrantes em torno de temas como mercado digital, mercado internacional para filmes independentes, direitos autorais, fundos de investimentos para o cinema e um tão sugestivo que leva o título de "Cinema - Que Mídia É Essa?" "Agora, está feito", disse na segunda-feira à tarde a diretora artística Ilda Santiago, que deu por encerrado o pré-festival. Ilda sabe da ?responsa? que é assinar a direção artística de um evento deste porte. Há um colegiado que seleciona, muitos amigos do festival dão dicas, mas, no final, só entra na programação o que essa carioca bonita, elétrica e cinéfila de carteirinha aprova com a parceira Walkiria Barbosa. Os "festivaleiros" do Rio não são escravos do gosto pessoal das duas porque ambas querem que a bandeira do festival seja a diversidade. Ilda não viu os 380 filmes, mas é capaz de citar nos dedos os que não viu, de tão pouquinho. A Première Brasil é a cereja do bolo. Mesmo sem prêmio em dinheiro, que a Petrobras, patrocinadora com a prefeitura do Rio, não dá este ano, a Première acrescenta tanto prestígio a um filme - e lhe dá tanta visibilidade nacional e internacional, por meio dos convidados e do mercado - que os diretores estão felizes da vida de lançar seus filmes em dois espaços. Além do Cine Odeon, na Cinelândia, que vai abrigar os documentários da Première Brasil e parte das galas internacionais, há agora, ali perto, o Palácio, reformado para sediar as pré-estréias de ficção da Première e o restante dos grandes lançamentos internacionais. Existe, por parte do público, esta vontade de antecipar-se aos grandes lançamentos - o novo Pedro Almodóvar ("Volver"), o novo Ken Loach ("The Wind That Shakes the Barley?s") e tantos outros autores de ponta. Mas o festival é pródigo em lançamentos de autores ainda desconhecidos, reunidos em mostras inovadoras. Este ano, haverá uma, Pockett Films, com filmes feitos com telefones celulares. Você fotografa com celular? Bem, já tem gente filmando com celular. "Nosso arco vai da tradição às novas tecnologias que apontam para o futuro", diz Ilda, que, no quesito tradição, caprichou e vai exibir programações especiais dedicadas a Luchino Visconti e Alejandro Jodorowski.

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