Festival do Rio BR termina hoje

Cerimônia de premiação, hoje no Cine Odeon, encerra edição 2000 do evento, que teve cerca de 135 mil espectadores, 20 mil a mais que em 1999. Celebridades, de Woody Allen, foi o campeão de bilheteria

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Por Agencia Estado
Atualização:

Termina hoje o Festival do Rio BR de cinema com uma cerimônia no Cine Odeon que vai premiar o melhor filme de ficção, o melhor documentário e o melhor curta-metragem nacional, entre outras categorias. Mais audacioso que a edição passada, o festival firma-se em 2000 como um mega-evento. E a direção comemora: o público chegou a 135 mil espectadores, quase 20 mil a mais que em 1999. Como de praxe, o campeão de audiência é de um diretor consagrado: Celebridades, de Woody Allen, seguido por Alta Fidelidade, de Stephen Frears, e do brasileiro Tainá, Uma Aventura Na Amazônia, de Tânia Lamarca e Sérgio Bloch. Neste ano, os brasileiros engrossam a lista dos mais vistos graças ao prêmio específicos da mostra Première Brasil, uma publicidade a mais aos lançamentos nacionais. A repescagem começa nesta quinta-feira e vai até dia 26 de outubro, com títulos já vistos e outros que não chegaram a tempo para a programação regular. Entre os 14 campeões de bilheteria do festival, cinco são nacionais. Depois de Celebridades, Alta Fidelidade e Tainá, aparecem Poucas e Boas, também de Allen, A Enfermeira Betty, de Neil Labute, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você, de Joel Cohen, A Fuga Das Galinhas, uma animação de Peter Lord e Nick Park, Bufo & Spallanzani, de Flávio Tambellini , o documentário O Sonho de Rose, de Tetê Morais, A Essência da Paixão, de Terence Davies, Virgens Suicidas, de Sofia Coppola, O Rap do Pequeno Príncipe Contra As Almas Sebosas, documentário de Marcelo Luna e Paulo Caldas, Brava Gente Brasileira, de Lucia Murat, Cecil B. Demented, de John Waters. Nelson Krumholz, um dos diretores do Rio BR, acredita que os brasileiros participaram em igualdade em relação aos estrangeiros. "O filme nacional em geral não tem verba para ser bem lançado, por isso perde em público", opina. "No festival, as pessoas passaram a ver o cinema brasileiro dentro do panorama mundial." A boa colocação do infantil Tainá, o terceiro mais visto de uma mostra de mais de 400 títulos, chega a surpreender. A explicação pode estar, além da clara qualidade do filme, na concentração do mercado infanto-juvenil pelas distribuidoras internacionais, que escolhem o curto período de férias escolares para exibição. "Em todo o resto do ano, as crianças não têm nada específico para elas", explica Krumholz. Somado a isso, o filme tem uma temática interessante com um personagem bem brasileiro, uma menina índia que protege os animais da Floresta Amazônica. "Tainá é o anti-Pokemon", brinca. O patrocínio da BR Distribuidora, que investiu mais de R$ 3 milhões, deixou os organizadores mais seguros para montar um evento mais ousado. As novas mostras como a Foco Reino Unido, para filmes britânicos, Via Digital, de filmes em captação digital, Ventos do Oriente, que coroou a bela produção cinematográfica oriental, e a Première América, para o cinemão norte-americano foram acrescentadas às já consagradas do festival passado expandindo o circuito em mais de 80 títulos. A ousadia teve seu preço: houve muito mais problemas com trocas de horários, atraso de filmes e até cópias que nem chegaram, como é o caso de Tabu, de Nagisa Oshima, que não foi enviada pelo distribuidor. Nelson Krumholz explica que, por ser uma mostra não competitiva, muitos distribuidores não priorizam o envio das cópias. Outro importante razão para as trocas no cronograma foi a problemas com a alfândega: alguns filmes que não estavam com a papelada completa, esperaram dias para serem retirados pela organização do evento. Uma das sensações do festival, o japonês Yi Yi- As Coisas Simples Da Vida, de Edward Yang, selecionado para Cannes este ano, chegou há dois dias da exibição. "Não se consegue legendagem para um filme desses, de quase três horas de duração, com tanta facilidade", explica o diretor do festival. Quando a cópia não chegava a tempo, a direção optava por outro título do mesmo gênero ou que guardasse alguma semelhança. Mas ele não vê grandes problemas nas trocas de horário e acredita que isso faça parte da festa. "O inusitado é parte do festival. Quem sai de casa, muitas vezes, não tem idéia do que vai assistir." Os filmes que acabaram de chegar ao Rio, e não puderam ser assistidos no cronograma regular, estarão na repescagem. Só agora poderão ser conferidos Himalaia, de Eric Valli, sobre dois homens que lideram expedições pelas montanhas geladas lutando pelo amor de uma mulher, e Lumumba, de Raoul Peck, a história de Patrice Lumumba, herói da independência do Congo. A ArtFilms também só liberou para a repescagem o esperado Psicopata Americano, de Mary Harron, a mesma diretora de Eu Matei Andy Warhol. O psicopata é um americano exemplar, que investe em ações e malha em academias, mas que ataca a cidade à noite. O filme foi selecionado para os festivais de Berlim e Cannes este ano. A distribuidora também só concedeu uma sessão de A Lei do Cão, do mexicano Alejandro González Iñarritú, premiado em Edimburgo e pela crítica de Cannes. Ambos têm lançamento previsto, em grande circuito, a partir de novembro. Assim como A Lei do Cão, outros títulos que só tiveram uma apresentação, ou em um único dia da mostra, também ganham outra sessão. Alguns que caíram nas graças da platéia, como A Maja Desnuda, de Bigas Luna, e Pão e Rosas, de Ken Loach, também estarão de volta na repescagem, a partir de quinta-feira, nos cinemas Odeon e Espaço Unibanco 3. A direção do festival não se arrepende de tê-lo tornado um mega-evento. "Se não tivesse dado público aí sim teria sido um erro. Mas quase todas as sessões estiveram lotadas", diz Krumholz. Hoje é dia da premiação, com sessão fechada para convidados e imprensa, onde será exibido o filme Dr.T e As Mulheres, do aclamado Robert Altman. Cogitava-se sua presença no encerramento do festival, mas o diretor está envolvido em um novo projeto e não deve vir ao Brasil.

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