Festival do Rio BR fecha programação

Cinema inglês, produção recente de Woody Allen, vencedores de Gramado e Cannes, novas mostras e homenagem a Paulo Cesar Saraceni são destaques do evento, que abre no dia 5 com A Essência da Paixão, de Terence Davies

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Essência da Paixão, do diretor Terence Davies, vai abrir o Festival do Rio BR no dia 5 de outubro às 20 horas, no Cine Odeon, Centro do Rio. O cineasta inglês de Vozes Distantes e O Fim de Um Longo Dia vem especialmente ao Rio apresentar seu último filme. A direção do festival divulgou ontem à noite a programação completa, que traz o tão aguardado filme de Woody Allen, Celebridades, mais Pantaleón e as Visitadoras, grande vencedor em Gramado este ano; Eureka, de Aoyama Shinji, prêmio de crítica em Cannes; e o vencedor da Palma de Ouro deste ano Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, que vem compor uma mostra específica para filmes em captação digital. Ganham seleções particulares o cineasta brasileiro Paulo Cesar Saraceni e o inglês Ken Loach. A Première Brasil dessa vez atrai mais atenção pelo prêmio de R$ 300 mil oferecido pela BR Distribuidora aos escolhidos pelo público. O programa mantém os workshops e debates sobre a indústria cinematográfica, dessa vez com um foco especial na produção inglesa, que tem crescido muito esses últimos anos. Para esta edição, o evento ganha novas mostras: Première América, apresentando as superproduções norte-americanas; Ventos do Oriente, com filmes premiados do Japão, China, Vietnã, Coréia, Taiwan, entre outros; Via Digital, com longas realizados em digital e transformados em película; a Foco UK, com produções inglesas; e a Geração Futura, com filmes da TV Futura. Essas vão se somar às já consagradas Première Brasil, Panorama do Cinema Mundial, Expectativa 2000, que apresenta novos nomes do cinema mundial, a concorrida Midnight Movies, de filmes bizarros, e a Mostra Gay. Safra inglesa - A escolha do filme de Terence Davies para abertura não foi mero acaso. A boa safra de produção inglesa mereceu uma atenção especial da organização do Festival do Rio. Davies representa o cinema crítico europeu, e uma particular produção cheia de referências da infância. No autobiográfico Vozes Distantes, seu primeiro longa-metragem, ele conta a história de uma família pobre oprimida pelo pai tirano. Na seqüência O Fim de Um Longo Dia, o cineasta mostra a vida dos personagens após o desaparecimento do patriarca. A Essência da Paixão, baseado no romance de Edith Wahrton House of Mirth, de 1905, mostra a sociedade americana do início do século na figura de Lily Bart, que depois de chegar ao auge é rejeitada pelos ricos novaiorquinos. No papel, Gillian Anderson, a agente Dana Scully do seriado Arquivo X. Da Foco UK, destaca-se o versátil Peter Greenaway com o seu 8 Mulheres e Meia. É da Inglaterra também o sensível filme do estreante Stephen Daldry, Billy Elliot, selecionado para Cannes este ano. O cinema político do britânico Ken Loach, de Meu Nome é Joe, também ganha uma mostra particular, com destaque para o seu Pão e Rosas. Mas os grandes destaques internacionais estarão divididos por todas as vertentes do evento. Demorou bastante, mas Woody Allen chega em dose dupla com Poucas e Boas e o esperado Celebridades, mais uma comédia passada em Nova York para o repertório do cineasta. Allen lida com a busca pela fama comparando-a com a eterna procura pelo amor romântico. O filme já esteve no festival de Veneza e de Nova York. Leonardo DiCaprio, Melanie Griffith e Winona Ryder são algumas das estrelas do elenco. Também muito aguardado, chega ao Rio o peruano Pantaleón e as Visitadoras, de Francisco Lombardi, que impressionou o júri de Gramado este ano e levou sete Kikitos, inclusive o de Melhor Filme. Amores Perros, do mexicano Alejandro González Iñárritu, aqui ganhou o nome de Lei do Cão e é mais um destaque dos latinos no festival. Premiado em Cannes pela crítica, Iñarritu ainda traz na bagagem o prêmio de Melhor Diretor no festival de Edimburgo. Na Première América, a sensação do festival de Veneza Cowboys do Espaço, de Clint Eastwood. Para manter a promessa de diversidade, os títulos vêm de todas as partes do mundo e de quase todas as correntes do cinema. O cinemão hollywoodiano de Shaft, de John Singleton, e U 571 - A Batalha do Atlântico vai dividir atenções com o trabalho audacioso do japonês Aoymi Shinji, premiado em Cannes com Eureka, e com as polêmicas e escatológicas produções de John Waters, que ganhou uma retrospectiva completa. Waters mantém seu estilo escrachado em Cecil B. Dement, seu último filme. Continua sendo idolatrado pelos amantes do trash e do alternativo e odiado por suas críticas aos costumes do cinema americano de Hollywood. Ele só lamenta que o sexo ou a violência explícita já não chocam tanto. Ainda nas homenagens, o festival exibe produções do cineasta brasileiro Paulo César Saraceni, cria do Cinema Novo, entre elas Amor, Carnaval e Sonhos, com Leila Diniz, e Bahia de Todos os Sambas, com Dorival Caymmi, mostras da importante presença da música na obra de um dos ícones do cinema brasileiro. Uma das grandes atrações do festival, as projeções ao ar livre na praia de Copacabana, tem programação variada e vai desde o infantil O Trapalhão e a Luz Azul até o premiado documentário de Marcelo Masagão Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos. O Festival do Rio BR vai até dia 18 de Outubro.

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