Festival de Veneza 2020: muito cinema independente e nenhum caso de covid-19

O primeiro festival em tempos de coronavírus, sem as estrelas de Hollywood e o público de fãs no tapete vermelho, foi realizado com total respeito às medidas de saúde, sem filas e aglomerações

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Por Kelly Velasquez
Atualização:

A 77ª edição do Festival de Cinema de Veneza termina neste sábado, 12, com um saldo positivo, após registrar zero caso de coronavírus e ter exibido muitas produções de autores independentes.

O primeiro festival em tempos de coronavírus, sem as estrelas de Hollywood e o público de fãs no tapete vermelho, foi realizado com total respeito às medidas de saúde, sem filas e aglomerações, com os espectadores sentados a distância, com um assento vazio de cada lado.

Diretores, produtores e roteiristas posam ao chegar para a estreia de 'Nomadland' durante o 77º Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Veneza, Itália, 11 de setembro de 2020. Foto: EFE/EPA/ETTORE FERRARI

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"Até agora, não foram registrados casos positivos de coronavírus. Isso é uma vitória", disse à imprensa o novo presidente da Bienal de Veneza, Roberto Cicutto. Segundo Eleanor Stanford, em matéria publicada no jornal The New York Times, o distanciamento social foi "o valor agregado", porque o espectador ficou mais confortável.

O Times considerou essa edição "mais livre", devido à ausência das grandes produções americanas que usam Veneza como um trampolim para lançar seus filmes ao Oscar.

O primeiro grande festival internacional celebrado em plena pandemia, que durou dez dias, conforme a tradição, contou com menos repórteres credenciados - apenas 5.000, um número baixo se comparado à última edição, que somou 12.000.

Novos olhares

A ausência de críticos e de delegações de países asiáticos ou da América Latina foi notável, apesar da presença de vários filmes da região, como o impactante Nova Ordem do mexicano Michel Franco.

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"Nós servimos de laboratório para os outros festivais", disse satisfeito Alberto Barbera, que encerra sua gestão este ano, depois de uma década como diretor do Festival.

Apesar da definição dada pelo jornal francês Le Monde de um concurso "amorfo", os organizadores consideram que serviu para revitalizar um setor em crise pelas salas de cinema fechadas e pelas gravações paralisadas.

Do total de 60 longas-metragens convidados a participar em cinco categorias distintas e 15 curtas, a maioria eram obras de autores quase desconhecidos.

"Além da distância física, havia a distância mental. Foi aberto um espaço para novos olhares, para uma nova geração de diretores", afirmou a crítica italiana Cristiana Paternó, ao elogiar o alto número de diretores e diretoras independentes que participaram das diversas seções do Festival.

Em um dos anos mais atípicos de sua longa história, as mulheres aumentaram sua participação no Festival, com oito mulheres contra 10 homens competindo pelo precioso Leão de Ouro.

As previsões sobre possíveis vencedores estão abertas. Não se descarta que o júri, presidido por Cate Blanchett, premie o filme de uma mulher.

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