Festival de Sundance terá mostra de documentários

Conforme diretora do Fundo de Apoio ao Documentário do festival, que está em São Paulo, serão exibidos em 2003 dez filmes do gênero, contra um único título em 2002

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Por Agencia Estado
Atualização:

Sim, Robert Redford ainda é um "good looking guy", um bonitão, informa a diretora do Fundo de Apoio ao Documentário do Sundance Institute. Diane Weyermann está em São Paulo, participando do 13.º Festival Internacional de Curtas. Fala sobre Redford, o instituto que ele criou - e virou fonte de referência para a produção independente de todo o mundo - e anuncia: pela primeira vez, o Festival de Sundance terá, no começo do ano que vem, uma mostra específica de documentários. Até agora, o Sundance Festival tem abrigado documentários na mostra Cinemas of the World, mas este ano, por exemplo, houve apenas um. Em 2003, serão dez. É o primeiro resultado prático da gestão de Diane à frente do Documentary Film Program do instituto. Ela dirige o programa há pouco mais de um ano, desde abril do ano passado. É sua terceira visita ao Brasil. Já esteve em São Paulo há três anos, convidada pelo Festival Internacional de Documentários É tudo Verdade, voltou no ano passado, para participar, no Rio, do evento sobre documentários promovido pelo canal GNT e agora visita o País pela terceira vez, como convidada do Festival de Curtas. Além de diretora do Documentaruy Film Program, ela também é diretora de cinema. Fez, por exemplo, o documentário Women in Russia. Explica que trabalhava no fundo de apoio a documentários da Open Society, uma organização civil formada para dar sustentação à luta por direitos civis das populações do antigo Leste europeu. Daí veio para o Sundance. O instituto tem seu escritório central em Salt Lake City, no Utah. Redford mora em Sundance, ali pertinho. É onde ocorre o festival. Diane mora em Los Angeles, onde fica o outro escritório. Apesar de Hollywood já ter sido chamado de "Meca do cinema" e até hoje abrigar um conceito de cinema-indústria ou espetáculo vigente em todo o mundo, ela diz que é duro levantar os cerca de US$ 10 milhões que formam a verba anual, aproximada, do Sundance. Revela: "Os EUA são um dos países mais difíceis para se levantar dinheiro para a produção independente do mundo." A indústria quer saber de espetáculo, de cinema como entretenimento, não de documerntários como os que Diane privilegia no Sundance. Até por sua experiência na Open Society, ela diz que os documentários com os quais se preocupa - e interessam ao Sundance - são os que privilegiam temas sociais e formas de organização da sociedade civil. Os documentários sobre ambientalismo e vida selvagem já tem apoio demais na TV, ela observa. Já esses outros, que tratam de temas mais espinhosos e que dizem respeito à organização social, têm mais dificuldade de obter recursos (e até alcançar canais de distribuição). Ela dá o mapa da mina: quem tiver projetos de documentários e quiser o apoio do Sundance deve procurar o site www.sundance.org. Nele há um ícone que se refere especificamente ao programa de apoio a documentários. Basta clicar e ali estão todas as informações: apoios, formulários, prazos. O bom, ela diz, é que não existem prazos para inscrição de espécie alguma: "Recebemos projetos o ano inteiro e os avaliamos; o apoio pode vir a qualquer momento." Nascida em St. Louis, Diane, de 46 anos, criou-se em Nova York, mas antes disso viveu rapidamente na Carolina do Norte, no começo dos anos 1960, em plena era da luta por direitos civis dos negros. O pai era um pastor religioso e ela admite que viu, naquela época, o filme que a marcou profundamente: O Sol É para Todos, de Robert Mulligan, sobre racismo. Projetou-se na menina cujo pai era um advogado que defendia negro acusado de assassinato. Influenciada pelo filme (e pelos pais), estudou Direito para atuar, quixotescamente, em defesa dos pobres e dos desvalidos. Passou para o cinema. Revela uma admiração sem limites por Redford: "Ele é abençoado; acredita em dignidade e valores humanos, tudo aquilo que não interessa a Hollywood, que só pensa em negócios."

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