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Festival de Sundance quer recuperar aura independente

Evento criado por Robert Redford virou atrativo indesejado de estrelas e estúdios

Por Agencia Estado
Atualização:

O Festival de Cinema de Sundance de 2007, a maior mostra anual de cinema independente dos Estados Unidos, começa nesta quinta-feira vivendo uma mudança de identidade. Durante dez dias, as ruas da cidade de Park City, no Estado de Utah, vão ficar lotadas com distribuidores, críticos e cinéfilos, que esperam tropeçar no próximo Cães de Aluguel ou Bruxa de Blair. No entanto, nos últimos anos, o objetivo original do festival - dar destaque a novos talentos - enfrentou uma competição indesejada de estrelas, estúdios e marcas das grandes corporações. O festival, mais que nunca, quer reconquistar a fama de exibir o melhor do cinema independente mundial. A lista dos concorrentes do Brasil inclui um longa de ficção produzido sem verba incentivada e no esquema de cooperativa (O Cheiro do Ralo), um documentário que percorre, pelos caminhos de um poema, a história e o cotidiano de várias pequenas cidades (Acidente) e um curta produzido com verba de um prêmio da faculdade de Colúmbia (Beijo de Sal). Paris Hilton atração de 2006 Em 2006, uma visita da herdeira Paris Hilton gerou mais interesse da imprensa do que a maioria dos filmes em competição. O ator Robert Redford, organizador do Sundance, foi acusado de deixar a visão independente do evento ser seqüestrada por representantes de estúdios e os interesses de grandes negócios. "Uma vez que o festival alcançou certo nível de notoriedade, as pessoas começaram a chegar com objetivos que eram diferentes dos nossos", disse o ator em 2006. "Algumas vezes, isso tirou o foco do que estamos fazendo." Mas o ator e diretor insistiu que o foco do festival continua com "artistas que personificam o espírito independente.?. Polêmica Em sua primeira encarnação, Sundance lutava para encontrar uma identidade e até mesmo para decolar. Na verdade, foi apenas depois que o evento ficou sob o domínio do Instituto Sundance, de Redford, em 1985, que começou a deixar sua marca. Cultivando jovens talentos originais e, freqüentemente, polêmicos, o festival se distanciou de seus adversários maiores e mais famosos. Mas, atualmente, com o número de visitantes chegando a 40 mil a cada ano, Sundance não pode mais alegar que é o jovem ousado do calendário de festivais de cinema. O festival não consegue ser páreo no setor de glamour - e nem mesmo de meteorologia - para Cannes ou Veneza, mas não tem problemas para atrair um número semelhante de celebridades. A programação de 2007 terá filmes dirigidos por Antonio Banderas, Steve Buscemi e Anthony Hopkins. E os espectadores que tiverem sorte o bastante para conseguir ingressos disputadíssimos, poderão ver filmes com atores como Michael Douglas, Gwyneth Paltrow e Samuel L. Jackson. A demanda por ingressos tem sido tão alta que os organizadores tiveram que tomar providências para evitar que estes fossem vendidos por leilão online no eBay. Equilíbrio É justo afirmar que poucos títulos que participaram de Sundance nesta década tiveram o sucesso global que outros participantes, da década de 90, conseguiram. "(O festival) não teve tantos lançamentos de grandes nomes recentemente", afirma o jornalista James Mottram, cujo livro, The Sundance Kids, fala sobre a carreira de alguns dos cineastas que tiveram suas grandes estréias em Park City. "Existe uma pressão incrível para encontrar estes sucessos e não se pode conseguir sucessos todos os anos. Mas isto não significa que eles não estão tentando descobrir talentos todo o tempo", disse. Mottram concorda que a presença de grandes corporações é agora parte integral do festival, mas afirma que este é um mal necessário. "Para sobreviver no mercado atual (o festival) precisa entrar com patrocinadores. É um jogo de equilíbrio muito difícil", disse. Mas o jornalista lembra que, por outro lado, o festival "descobriu" o indicado para melhor comédia no Globo de Ouro 2007, Pequena Miss Sunshine. Segundo Mottram, foi a resposta muito positiva à sua exibição em Sundance em 2006 que convenceu a Fox Searchlight a pagar US$ 10 milhões pelos direitos de distribuição - um dos maiores acordos da história do festival. Com a bilheteria global do filme atualmente ultrapassando os US$ 86,5 milhões, soa como uma barganha. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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