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Festival de Locarno seleciona "Bicho de 7 Cabeças"

Por Agencia Estado
Atualização:

O filme de Laís Bodansky Bicho de Sete Cabeças foi selecionado para concorrer ao 54.º Festival Internacional de Cinema de Locarno, de 2 a 12 de agosto. Estrelado por Rodrigo Santoro, o filme já foi premiado nos festivais de Brasília e Recife e agora está em cartaz no circuito comercial brasileiro. A produção é baseada no livro Canto dos Malditos, de Austregésilo Carrano, e denuncia a maneira precária em que vivem os internos de instituições para doentes mentais e dependentes de drogas. Bicho de Sete Cabeças vai concorrer com outros 18 filmes, dos quais 9 são de diretores estreantes, como Laís. Outro brasileiro, Joel Pizzini, terá um média-metragem exibido em Locarno, fora de competição. Trata-se do vídeo Glauces, Estudo de um Rosto. O festival será aberto com a exibição na Piazza Grande da animação Final Fantasy: The Spirits Within, de Hironobu Sakagushi, o primeiro longa a ter elenco humano todo criado em computador. Também será projetado a aguardada seqüência de O Planeta dos Macacos de Tim Burton. Em entrevista à reportagem, o presidente do festival Marco Solari e a diretora Irene Bignardi comentam a escolha do filme brasileiro e os planos para o evento, que este ano deixa de ser dirigido por Marco Muller, à frente do festival nos últimos nove anos. Foi difícil selecionar um filme brasileiro para a competição? Irene Bignardi - Não, pois ele me foi oferecido por Marco Muller, ex-diretor e produtor do filme. Recebi o filme numa bandeja de prata. Mas sei que nem sempre deve ser fácil, pois vimos outros filmes que não achamos tão bons. O filme é muito interessante é um manifesto contra os manicômios no Brasil, que, pelo filme, são extremamente retrógrados. Trata-se de um história real, de alguém que ficou preso dentro de um hospício e escreveu depois um livro. Por que o salto alto no cartaz do 54.º Festival de Locarno? É para assinalar uma direção feminina? Irene Bignardi - Foi uma brincadeira, uma ironia, como se estivessemos usando o slogan feminista dos anos 70 - "Tremam, tremam, as feiticeiras retornaram!" Existe concorrência do Festival de Veneza, que roubaria os filmes de Locarno, inclusive filmes brasileiros? Irene Bignardi - Veneza não rouba filmes que poderiam ser nossos. Veneza seduz os cineastas. Ora, o problema é que o Festival de Veneza vem depois de Locarno e leva mais tempo para decidir que filmes vai selecionar, havendo o risco de alguns filmes não virem para Locarno e não irem para Veneza. Mas tenho bons contatos com o diretor de Veneza e trouxe para Locarno alguns filmes ainda incertos para Veneza. Há ainda possibilidade de se proteger o público do Festival da chuva, cada vez mais constante, nas projeções noturnas ao ar livre? Marco Solari - Esse é um meu sonho, pois aí se joga o futuro do Festival de Locarno. Além da necessidade de um bom conteúdo, queremos melhorar o festival com mais uma sala de projeção e, quem sabe, uma grande cobertura, para as noites de chuva. Não podemos, porém, cobrir a Piazza Grande, cuja poesia arquitetônica seria desvirtuada, e nem poderíamos construir um cinema para sete mil pessoas, para ser usado dez dias por ano. Mas poderemos cobrir uma outra praça, atualmente utilizada pelo tráfego, a Praça do Castelo.

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