Festival de Cinema de Locarno dá a largada

A 58.ª edição do evento aposta claramente no cinema europeu e tem 17 filmes concorrendo ao "Leopardo de Ouro"

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Por Agencia Estado
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Começa hoje, o Festival Internacional de Cinema de Locarno, no cantão suíço do Ticino, cuja grande atração é a maior tela do mundo, de quase 300 metros quadrados, ao ar livre, numa praça com capacidade para 9 mil pessoas sentadas, a Piazza Grande. A 58.ª edição do evento, aberta oficialmente hoje, aposta claramente no cinema europeu, com apenas uma produção hispânica entre os 17 concorrentes ao "Leopardo de Ouro", 20 Centímetros, de Ramón Salazar. Não há nenhum filme brasileiro na competição internacional. Os filmes que abrem o festival hoje são produções de Bollywood, a indústria cinematográfica da Índia, com dois filmes fora da competição que fazem sua estréia internacional: Village Football, de Kashish Dasani e The Rising, de Ketan Mehta. Um dos momentos importantes do festival será a entrega, na Piazza Grande, dos Leopardos de Honra, prêmios que serão concedidos ao cineasta iraniano Abbas Kiarostami, ao alemão Wim Wenders e ao americano Terry Gilliam, por seus filmes. O ator norte-americano residente na França, John Malkovich, que inspirou um filme com seu próprio nome, Ser John Malkovich, de Spike Jonze, receberá também um prêmio de excelência. A atriz norte-americana Susan Sarandon e o diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro (Dick Tracy, de Warren Beatty), serão contemplados com o mesmo prêmio. Mostra de vídeo cresce a cada ano O brasileiro Kiko Goifman participa da mostra Cineastas do Presente com seu filme vídeo de 40 minutos, Acts of Men. Kiko Goifman já é conhecido do Festival de Locarno, onde exibiu seus outros vídeos. A mostra de filmes vídeos em Locarno está completando dez anos e o número de participantes em progressão. Para comemorar, Locarno fará uma retrospectiva de todos os premiados neste período. Depois de ter mostrado a cinematografia cubana, no ano passado, o Festival de Locarno dá um destaque especial ao cinema de três países árabes do Magreb (Tunísia, Argélia e Marrocos). A italiana Irene Bignardi, diretora do Festival de Locarno, afirma que depois de ter visto os 1.228 longas-metragens inscritos e outros 300 em festivais diversos, constata uma crise preocupante no cinema mundial - o cinema de arte ou de autor está em franca regressão, enquanto o cinema comercial, pressionado pelos produtores e exibidores, vai assumindo a cena cinematográfica. ?Os financiamentos nos diversos países favorecem só os filmes comerciais em detrimento dos filmes de autor?, diz ela. ?No ano passado, foi preciso fazer uma seleção entre muitos filmes bons e este ano foi preciso se procurar bastante para se chegar a uma boa seleção de filmes na competição?. No total, 38 países estão presentes com seus filmes no Festival. Irene Bignardi acentua que o Festival de Locarno constitui uma alternativa à distribuição normal de filmes - ?em Locarno, diz ela, os expectadores suíços e estrangeiros podem ver filmes que nunca teriam a possibilidade de ver nos cinemas de sua cidade?. Ela também destaca que o público de Locarno é constituído de cinéfilos exigentes capazes de ver 5 a 6 filmes por dia. ?Depois do choque do 11 de setembro e a invasão do Iraque, diz Irene Bignardi, os filmes internacionais em competição deixam de lado a temática com isso relacionada, para se dedicar à introspecção, à análise psicológica, à dimensão onírica e ao mundo fantástico. Ela também cita um prêmio especial destinado ao produtor independente Jeremy Thomas e uma homenagem aos 30 anos do filme Nashville, de Robert Altman, com a presença da atriz Geraldine Chaplin. Enfim, Locarno terá uma retrospectiva com 75 dos filmes de e com Orson Welles (1915-1985), denominada O Magnífico Welles. Ao mesmo tempo, uma paralela sobre Direitos Humanos mostrará um filme feitos por mulheres, crianças e velhos aos quais foram cedidas 150 câmeras, para contar a realidade atual do Iraque - Voices of Irad, concebido pelos cineastas Eric Manes e Martin Kunnerth. A pré-abertura do Festival de Locarno ocorreu ontem à noite, na Piazza Grande, com um filme dedicado ao Brasil e à sua cultura musical - Maria Bethânia, Música e Perfume, do franco-suíço Georges Gachot. Veja lista dos filmes que participam da competição oficial: Riviera, de Anne Villacèque, França 20 Centímetros, de Ramón Salazar, Espanha Face Addict, de Edo Bertoglio, Itália-Suíça Un Couple Parfait, de Nobuhiro Suwa, França-Japão La Guerra de Mario, de Antonio Capuano, Itália 3 Grad Kaelter, de Florian Hoffmeister, Alemanha Nine Lives, de Rodrigo García, EUA Keller-Teenage Wasteland, de Eva Urhaler, Áustria-Alemanha-Itália A Perfect Day, de Joana Hadjithomas, França-Alemanha-Líbano Fratricide, de Yilmaz Arslan, Alemanha-França-Luxemburgo Mirrormask, de Dave McKean, Reino Unido-EUA Snow White, de Samir, Suíça-Áustria The Piano Turner of Earthquakes, de Quay Brothers, Reino Unido-França Vendredi ou Un Autre Jour, de Yvan Le Moine, França-Bélgica-Eslováquia La Neuvaine, de Bernard Emondt, Canadá Familia, de Louise Archambault, Canadá Ma Hameh Khoubim, de Bizhan Mirbaqueri, Irã Antarmahal, de Rituparno Ghosh, Índia Jo Siffert, de en Lareida, Suíça (estréia mundial) Rag Tale, de Mary McGuckian, Índia (estréia mundial)

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