Festival de Cinema de Cannes e Netflix confirmam ruptura

Um dos filmes que poderia competir na Palma de Ouro era 'The Other Side of the Wind', de Orson Welles, cuja pós-produção foi financiada pelo serviço de streaming

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

CANNES — A reconciliação não foi possível: um ano depois da polêmica que agitou Cannes pela inclusão de dois filmes da Netflix na competição pela Palma de Ouro, a gigante americana boicotou a nova edição do prêmio.

PUBLICIDADE

A razão da retirada da Netflix de todas as seleções de Cannes acontece por falta de acordos sobre as normas de difusão na França.

+ Festival de Cannes chega à 71.ª edição politizado e sem concessões

Mas essa decisão não muda nada: o festival se recusou a apresentar dois filmes da plataforma, um em competição e outro na seleção paralela, e a Netflix, que já conquistou grandes nomes do cinema como Martin Scorsese, já não aparece mais na famosa vitrine de Cannes.

Foto desta segunda-feira, 7, no Palais do Festival de Cannes Foto: REUTERS/Regis Duvignau

Os organizadores não revelaram o filme que competiria pela Palma de Ouro, mas divulgou que o segundo era The Other Side of the Wind, obra inacabada de Orson Welles, cuja pós-produção foi financiada pela Netflix. A ausência foi lamentada pela filha do diretor.

Tudo começou bem, quando Cannes incluiu no ano passado, pela primeira vez na competição, dois filmes da Netflix, Okja, do sul-coreano Bong Joon-ho, e The Meyerowitz Stories, de Noah Baumbach.

Um detalhe importante criou a polêmica: a Netflix se recusou a aplicar a lei francesa, que exige que as plataformas esperem três anos entre a estreia de seu filme nas salas de cinema e a difusão para seus assinantes. E decidiu então não exibir os filmes nos cinemas franceses.

Publicidade

Diante da ascensão das salas de cinema, os organizadores do Festival de Cannes decidiram estabelecer uma nova regra: qualquer filme em competição deverá ser exibido na grande tela.

A Netflix, que tem 125 milhões de assinantes no mundo, se disse aberta a fazer isso, mas não garante o prazo de três anos.

"Queremos que nossos filmes estejam em pé de igualdade com os demais", disse em entrevista à revista Variety Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix, acrescentando que o festival precisa "se modernizar".

"É uma pena", lamentou o delegado geral do festival, Thierry Frémaux, convidando a Netflix a "continuar o diálogo".

Apesar disso, a Netflix abre caminho em outros festivais. Em 2015, apresentou na Mostra de Cinema de Veneza o filme Beasts of no Nation, com Idris Elba, e ganhou o Grande Prêmio no Festival de Sundance em 2017, por Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo, com Elijah Wood.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.