Festival de Brasília terá apenas três inéditos

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Por Agencia Estado
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Em sua 34ª edição, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro resolve aplicar um duvidoso princípio salomônico em sua seleção de longas-metragens e escala três filmes já conhecidos e apenas três inteiramente inéditos. Novinhos em folha, mesmo, há apenas O Invasor, de Beto Brant, Uma Vida em Segredo, de Suzana Amaral, e Samba Riachão, de Jorge Alfredo. Entre os conhecidos, Lavoura Arcaica, certamente um dos filmes nacionais mais comentados dos últimos anos, estará em em cartaz nos principais circuitos do País quando concorrer em Brasília. Já estreou no Rio e entra dia 9 em São Paulo e Belo Horizonte. Os outros incluídos na categoria de não-inéditos são Dias de Nietzsche em Turim, de Julio Bressane, e Netto Perde Sua Alma, de Tabajara Ruas e Beto Souza. O longa de Bressane esteve no Festival de Veneza e nas mostras BR do Rio e de São Paulo. O caso de Netto é ainda mais grave. Participou de Gramado, e lá ganhou vários prêmios, incluindo o de melhor filme na votação popular, o que em tese o excluiria de Brasília. Dos três primeiros, pouco se sabe. Destes três últimos se sabe até demais. A comissão organizadora divulgou também a lista dos 12 curtas-metragens em 35 milímetros concorrentes: A Revolta do Videotape, Françoise, Glauces - Estudo de um Rosto, Negócio Fechado, O Comendador, O Poeta, O Tempo dos Objetos, Palace II, Retrato Pintado, Seu Nenê, Um Pouco Mais um Pouco Menos e Zagati. Além destes, serão exibidos 33 filmes em 16 milímetros. O festival começa dia 20, com a exibição de A Noite do Espantalho, dirigido pelo compositor e cineasta Sérgio Ricardo, e termina dia 27. Dos três que se sabe pouco, o que se sabe é o seguinte: mais uma vez Beto Brant leva à tela uma trama policial; nesta, uma jovem se envolve com drogas e, de quebra, com um matador de aluguel. Suzana Amaral, de volta à direção depois do seu ótimo A Hora da Estrela, novamente adapta um texto literário. Em sua estréia foi Clarice Lispector. Agora, é Autran Dourado. A história tem uma curiosa similitude com a do seu filme anterior: Uma Vida em Segredo fala de um jovem do interior com dificuldade para se adaptar à cidade. Samba Riachão, o único documentário, mostra a trajetória do cantor e compositor baiano Riachão, autor de Cada Macaco no Seu Galho. Tomara que pelo menos um deles seja muito bom, porque são as únicas chances de surpresa no festival deste ano. Entre os requentados: De Lavoura Arcaica, adaptação de Carvalho para a obra de Raduan Nassar, já se sabe que se tornou o queridinho da crítica, embora ainda não seja claro se dialoga com a platéia, mesmo que cultivada. Deve ganhar o festival. Dias de Nietzsche em Turim é um Bressane de boa qualidade, e isto também não chega a ser novidade. Netto Perde Sua Alma, resgate de um herói da Revolução Farroupilha, deve exumar a discussão já travada em Gramado: o filme é separatista ou não? Quer coisa mais velha?

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