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Festival de Brasília segue tradição e só exibe obras inéditas

O Festival de Brasília, que é o mais antigo do País, vai exibir seis longas inéditos em sua mostra principal nesta 39.ª edição, de 21 a 28 de novembro

Por Agencia Estado
Atualização:

São seis longas inéditos que compõem a mostra principal do 39.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que se realiza de 21 a 28 de novembro. Ineditismo - esse tem sido o ponto de honra do principal festival de cinema do País. E essa exigência tem sido mantida não a custo de pouco sacrifício: Brasília se realiza depois de Gramado e, principalmente, depois das grandes Mostras de Cinema do Rio e de São Paulo. O fato de alguns cineastas manterem seus filmes inéditos para o festival candango é prova mais do que suficiente da respeitabilidade que este detém no meio cinematográfico. Assim, será em Brasília que se verá a mostra que se anuncia tão compacta quanto significativa da atual produção brasileira. O pernambucano Claudio Assis, que já ganhou Brasília com seu "Amarelo Manga", leva este ano seu segundo longa, "Baixio das Bestas". Helvécio Ratton evoca o tempo da luta armada contra a ditadura militar em seu "Batismo de Sangue". Silvio Tendler, um dos grandes nomes do documentarismo nacional, apresenta seu "Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de cá", sobre o geógrafo brasileiro e sua crítica à globalização. Outro grande documentarista, o paraibano radicado em Brasília Vladimir Carvalho, mostra seu "O Engenho de Zé Lins", sobre o escritor José Lins do Rego. Julio Bressane, nome que dispensa apresentação, e habitué de Brasília, traz "Cleópatra", esperada interpretação sobre a rainha do Egito. E o paulistano Carlos Cortez concorre com sua adaptação do romance de Plínio Marcos, "Querô". Há um equilíbrio nessa seleção. Dois documentários, assinados por diretores consagrados como Vladimir Carvalho e Silvio Tendler. Duas ficções de cineastas também experimentados como Ratton e Bressane. E mais duas ficções de diretores em estágio ainda inicial de carreira, como Carlos Cortez e Claudio Assis. Além dos seis longas, Brasília apresenta seus tradicionais 12 curtas-metragens de 35 mm em concurso, além de 21 curtas em 16 mm. Os curtas em 35 mm são apresentados antes do longa da noite, no próprio Cine Brasília. Os concorrentes de 16 mm são mostrados em outro espaço. A distribuição de espaço e tempo serve para não sobrecarregar a noite, e esse é outro dado importante quando se fala do Festival de Brasília. Na contramão dos seus congêneres, Brasília tem evitado o inchaço da sua programação. Numa época de culto ao gigantismo (as mostras de São Paulo e Rio se orgulham de apresentar mais de 400 títulos ao ano), Brasília continua sintética. As sessões terminam em horários civilizados e as pessoas podem jantar. Os filmes são longamente debatidos na manhã seguinte e assim repercutem e permanecem nas discussões, que é o desafio maior de qualquer obra deve enfrentar num mundo obeso de produtos e informações. Esse formato slim do festival inclui outras atividades, a sua, digamos assim, parte reflexiva. Além dos debates, que ocupam as manhãs dos festivaleiros, há os simpósios e seminários realizados na parte da tarde. Este ano haverá o Seminário Roteiro em Questão, mesclando palestras e debates sobre os roteiros dos filmes da programação oficial, coordenado pelo roteirista Di Moretti. E também o Seminário Crítica Cinematográfica & o Cinema Brasileiro, com palestras e debates entre alguns dos principais nomes da crítica cinematográfica nacional, coordenado pela jornalista Maria do Rosário Caetano. O Festival de Brasília é o mais antigo do País e foi criado em 1965 por um grupo de professores da UnB, entre os quais estava Paulo Emilio Salles Gomes, o patrono da crítica cinematográfica brasileira, na ocasião lecionando na Universidade. O festival tem história e isso faz a diferença. Espera-se que continue a fazer história, também.

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