Pena de morte, emigrantes, refugiados políticos e direitos das mulheres africanas são alguns dos temas que estarão em pauta no 53º Festival de Berlim, de 6 a 15 de fevereiro. São 22 os filmes que deverão participar da disputa do Urso de Ouro, que o Brasil ganhou com Central do Brasil, de Walter Salles, em 1998. Desta vez, não há nenhum longa brasileiro entre as obras selecionadas para a competição, apenas o curta Plano-Seqüência, de Patrícia Moran. Mas o País também estará na Berlinale com três longas que integram a programação de duas importantes mostras paralelas, o Fórum e o Panorama. A primeiro abrigará Rua 6, sem Número, de João Batista de Andrade, e Amarelo Manga, de Cláudio Assis. A segunda, O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca. Richard Lormand, que geralmente é assessor de Imprensa de importantes diretores orientais como Tsai Ming-liang, Wong Kar-wai e Edward Yang, desta vez estará trabalhando para os alemães. Ele está entusiasmado com os três filmes da Alemanha que participam da disputa: Der Alte Affe Angst, de Oskar Roehler, Goodby Lenin, de Wolfgang Becker, e Lichter, de Hans Christian Schmid. Lormand garantiu, durante o recente Encontro do Cinema Francês, em Paris, que os alemães vão arrebentar em casa. "Roehler é o meu candidato ao Urso de Ouro", antecipa. Mas não será fácil. A França concorrerá com os novos filmes de Claude Chabrol (As Flores do Mal), Patrice Chéreau (Son Frère) e Pascal Bonitzer (Petites Coupures). Chéreau foi o grande vitorioso da Berlinale, há dois anos, com Intimacy, cuja compra para o Brasil virou um negócio complicado (e até hoje irresolvido) da FlashStar. Outro vencedor do Urso de Ouro, Zhang Yimou, estará de volta à disputa berlinense com Ying Xiong (Herói), interpretado pela deusa Maggie Cheung, de Amor à Flor da Pele. A seleção americana inclui o elogiado The Hours, de Stephen Daldry, o diretor de Billy Elliott, com Nicole Kidman no papel de Virginia Woolf. Há mais dois filmes americanos na competição: Solaris, remake do cult de Andrei Tarkovski por Steven Soderbergh, com George Clooney, e Confessions of a Dangerous Man, dirigido pelo próprio Clooney, que também faz o protagonista, contracenando com Julia Roberts. Outros filmes em concurso: Bahji Jar, de Jeff Kanew, co-produção das Alemanha e da Bielorrússia, Alexandra´s Project, de Rolf De Heer, da Austrália, Mang Jing (Flecha Cega), de Li Yang, da China e da Alemanha, Wilbur Wants to Kill Himself, de Lone Scheffrig, a diretora de Italiano para Principiantes, da Dinamarca, My Life without Me, de Isabel Coixet, da Espanha e do Canadá, e Rezervini Deli, de Damjan Kozole, da Eslovênia. Fora de concurso, há filmes que estão entre os principais concorrentes às indicações para o Oscar: Chicago, de Rob Marshall, foi escolhido para a abertura oficial do evento e Gangues de Nova York, de Martin Scorsese, para o encerramento. E Berlim assistirá à estréia mundial do esperado musical americano de Thomas Vintenberg, o diretor de Festa de Família, o melhor filme do Dogma. Chama-se It´s all about Love. Berlim-2003 também preparou homenagens a nomes fundamentais do cinema mundial. Haverá uma retrospectiva dos grandes filmes do mestre japonês Yasujiro Ozu e outra dedicada a Friedrich Wilhelm Murnau, o diretor de clássicos do cinema alemão nos anos 1920 (expressionismo e kammerspiel) e que depois foi para Hollywood, acumulando novas obras-primas, antes de morrer prematuramente, aos 41 anos, num acidente de carro, em 1931. A atriz francesa Anouk Aimée vai receber um prêmio especial por sua carreira, permeada pela colaboração com grandes diretores (Federico Fellini, Jacques Demy e Jacques Becker, entre outros). E ainda no capítulo ´homenagens´, não se pode esquecer a que o Fórum vai prestar aos irmãos Run Run e Runme Shaw, dos lendários Estúdios Shaw, de Hong Kong, de onde surgiram alguns dos mais eletrizantes filmes de lutas (kung fu) do cinema.