Festival de Berlim anuncia concorrentes

O Brasil está de fora da mostra competitiva mas comparece com três longas e dois curtas nas sessões paralelas

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Por Agencia Estado
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Fundado em 1951, o Festival de Berlim comemorou, no ano passado, com pompa e circunstância, seu 50º aniversário. Mais uma Berlinale - como os próprios alemães chamam seu festival - está para começar. O deste ano ocorre de 6 a 17. Hoje, foi feito o anúncio oficial das produções que integram a mostra competitiva (confira a lista dos filmes) pelo Urso de Ouro e também das que serão exibidas nas prestigiadas seções paralelas do evento: Forum, Panorama e Kinderfestival. Nenhum filme brasileiro foi selecionado para a competição, mas há vários títulos nacionais no Panorama. Beto Brant, Aluizio Abranches e Fernando Meirelles e Kátia Lund vão mostrar, respectivamente, O Invasor, que foi premiado no Festival de Brasília, As Três Marias e Cidade de Deus. Não propriamente brasileiro, mas com estreita vinculação com o País, Moro no Brasil, do finlandês Mika Kaurismaki, também está no Panorama. E a seção ainda exibe dois curtas nacionais: Clandestinos, de Patricia Moran, e Dadá, de Eduardo Weisman. Depois das homenagens a Stanley Kubrick e Kirk Douglas no ano passado, o Festival de Berlim homenageia agora Robert Altman e Claudia Cardinale, que receberão seus Ursos de Ouro especiais nos dias 10 e 15. A Berlinale exibe o novo filme de Altman, Gosford Park, fora de concurso como parte da homenagem ao grande diretor e, para sintetizar a extraordinária carreira de Claudia, selecionou Oito e Meio, de Federico Fellini, que também integra a retrospectiva dedicada ao cinema europeu de autor dos anos 60. Terceiro - Berlim é um dos maiores festivais de cinema do mundo. É quase sempre considerado o terceiro, após os de Cannes e Veneza. Não possui o gigantismo da mostra francesa, com seu mercado que é a grande vitrine da produção mundial, e por isso mesmo possui um caráter menos mundano. Não quer dizer que a Berlinale faça uma aposta mais radical do que Veneza no cinema de autor. Na verdade, o festival age sempre como uma vitrine do Oscar - todo ano exibe filmes que são indicados para os prêmios da Academia de Hollywood -, mas se destaca por apostar mais em diretores jovens ou em processo de consolidação do seu nome. É a principal crítica que a imprensa européia faz a Cannes. É o festival dos grandes nomes, apostando, na competição, nos talentos já consagrados. Neste sentido, Berlim arrisca mais, mesmo quando investe em nomes já conhecidos. A Berlinale será aberta oficialmente na tarde do dia 6 pelo primeiro concorrente ao Urso de Ouro de 2002. Tom Tykwer, do charmoso Corra Lola Corra, assina Heaven, uma co-produção anglo-italiana. O israelense Amos Kolek, de Fast Food Fast Women, concorre com Bridget, o italiano Silvio Soldini com Bruccio nel Vento, o francês François Ozon, de Gotas d´Água em Pedras Escaldantes e Sob a Areia, com 8 Femmes e o sueco, radicado no cinema norte-americano, Lasse Hallstrom, com The Shipping News. Também participam da competição o diretor georgiano, radicado na França, Otar Iosseliani, com Lundi Matin, e o greco-francês Costa-Gavras. Autor de filmes políticos que convulsionaram o cinema mundial dos anos 60 e 70 - como Z, A Confissão, Estado de Sítio e o melhor de todos, Seção Especial de Justiça -, Costa-Gavras ganhou a Palma de Ouro, no começo dos 80, com Missing - O Desaparecido. Há tempos seus filmes não causam mais impacto, mas ele tenta agora o retorno em alto estilo com Amém. Também da França, vem outro concorrente importante. Bertrand Tavernier, que já venceu o Urso de Ouro por A Isca, vai mostrar Laissez Passer, que trata do cinema francês sob a ocupação nazista. Haverá, ainda, concorrentes da Espanha (Piedras, de Ramón Salazar), da Grécia (One Day in August, de Constantinos Giannaris), do Japão (Spirited Away, de Hayao Myazaki), da Coréia (Bad Guy, de Kim Ki-Duk), da Dinamarca (Minor Mishaps, de Annette K. Olesen), da Hungria (Temptations, de Zoltán Kamondi) e da Inglaterra (The Royal Tenenbaums, de Wes Anderson). Dona da casa, a Alemanha concorre ao Urso de Ouro com Der Felsen (O Mapa do Coração, de Dominik Graf). Por mais atraentes que venham a ser esses filmes, o filé da Berlinale 2002 parecem ser as obras que integram a seleção oficial - a Wettbewerb -, passando fora de concurso. É aí que Berlim presta tributo aos diretores consagrados. Pode-se começar com Uma Mente Que Brilha, o filme de Ron Howard com Russell Crowe que as previsões apontam como o mais forte candidato ao Oscar deste ano, mas há títulos mais atraentes ainda. Além de Robert Altman, que mostra Gosford Park, István Szabó lança em Berlim seu novíssimo filme, após Sunshine. Chama-se Taking Sides. Zhang Yimou, que Berlim descobriu ao premiar O Sorgo Vermelho, também mostra Happy Times e dois diretores alemães exibem novas produções. Wim Wenders lança Ode to Cologne - A Rock´n Roll Film e Alexander Kluge, do extraordinário Artistas na Cúpula do Circo: Perplexos - um dos maiores filmes dos anos 60, vai exibir The Female Patriot. Acertando as contas com seu passado nazista, a Alemanha homenageia Charles Chaplin exibindo o clássico O Grande Ditador, cujo discurso final permanece como um dos maiores momentos da arte cinematográfica. E assim como Cannes 2001 recuperou Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, servindo de quadro para o lançamento da versão do diretor (Apocalypse Now Redux), a Berlinale também promete Amadeus - Director´s Cut. O próprio Milos Forman vai mostrar a sua montagem do filme vencedor do Oscar de 1984. Amadeus tem agora 180 min, quase meia hora a mais. Sem querer nivelar os dois filmes, a curiosidade é inegável. Amadeus já foi definido, pejorativamente, por alguns críticos, como Mozart para roqueiros. Eles tomam por defeito o que é a qualidade do filme. E Forman é um grande diretor, como provam Ragtime e o deslumbrante O Mundo de Andy.

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