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Fenômeno "Austin Powers" toma conta das telas

Batendo recordes de bilheteria, terceiro filme da série consagra o humorista Mike Myers como um dos mais poderosos nomes de Hollywood

Por Agencia Estado
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Tudo começou com a imitação de um sotaque inglês que não saía da cabeça de Mike Myers, em 1995. A voz deu vida ao personagem Austin Powers, que chega a seu terceiro filme quebrando recordes de bilheteria: foram US$ 71 milhões em apenas três dias de exibição de Austin Powers em O Homem do Membro de Ouro nos Estados Unidos. A produção, que deve atingir a marca dos US$ 400 milhões de faturamento, também consagra definitivamente o comediante como um dos mais poderosos nomes de Hollywood desde o auge da carreira de Eddie Murphy. Desde que o primeiro Austin Powers virou um hit cult nos em 1997, com um faturamento considerado surpreendentemente bom (US$ 54 milhões), Myers vinha subindo na "bolsa de valores" de Hollywood. O humorista que havia transformado um quadro de Saturday Night Live no hit Quanto Mais Idiota Melhor, conseguiu quintuplicar a arrecadação do segundo filme da série e, de quebra, ajudou o longa-metragem de animação Shrek a chegar ao Oscar e ameaçar o domínio da Disney no setor. Austin Powers em O Homem do Membro de Ouro é a celebração de status de primeiro time do cinema. Nos primeiros minutos do filme, Tom Cruise, Gwyneth Paltrow, Kevin Spacey, Danny DeVito, Steven Spielberg e Britney Spears aparecem fazendo pontas como eles mesmos. O esquema de superprodução e a presença de Beyoncé Knowles, do Destiny´s Child, servem para mostrar que Myers está em posição única no mercado do cinema americano. Vale lembrar que além de ter criado os personagens da série, ele escreveu os três roteiros e trabalhou como produtor executivo. Também reforça o poder do humorista a quantidade de merchandising vista na produção: da Motorola à Heineken, passando pelos carros Mini Cooper e a America Online, Austin Powers dá seu aval em doses quase similares a Minority Report, de Steven Spielberg. Mas talvez o fenômeno mais incrível seja que Austin Powers virou o primeiro fenômeno global da cultura pop mundial saída de uma comédia. Claro, filmes de Eddie Murphy, Steve Martin e Jim Carrey, além de séries como Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, fizeram sucesso em todo o mundo nos anos 80, mas as roupas, as gírias e o comportamento de Austin Powers são reconhecidas em boa parte do mundo de uma maneira comparável apenas a personagens ou super-heróis "sérios". O personagem foi o primeiro a tirar proveito da distribuição maciça de cultura pop via internet e sistemas mundiais de TV por assinatura. Prova disso é que, apesar das críticas negativas, o filme ainda teve o maior faturamento de toda história para uma comédia, batendo ainda o recorde de uma estréia de qualquer gênero no mês de julho. O sucesso da série também impressiona quando se analisa a performance de comédias inspiradas em esquetes de Saturday Night Live (ou de artistas saídos do programa) lançadas nos últimos anos. Desde a explosão de Quanto Mais Idiota Melhor, no início dos anos 90, os personagens mais bem sucedidos do humorístico têm sido levados para a telona. Mas, apesar do esforço de nomes talentosos como Molly Shannon e Will Ferrel, e da distribuição do programa para o mundo todo via TV por assinatura, não conseguem marcas impressionantes de bilheteria. Austin Powers também tem o mérito de ter transformado em estrelas um grupo improvável de atores, como Verne Troyer (o Mini-Me), Robert Wagner (o eterno Jonathan Hart da TV, esquecido desde o fim de Casal 20) e Mindy Sterling (a Frau Farbissina). O Homem do Membro de Ouro pode ter começado a dar sinais de cansaço, afinal, a série Austin Powers é inteira baseada na combinação de diferença de costumes, insinuação sexual constante e escatologia. Ainda assim, o filme é recheado de boas piadas e cenas musicais impagáveis. A produção também acerta novamente nos figurinos e looks de vários personagens, em especial o de Foxxy Cleopatra, a agente black-power de Beyoncé Knowles. A direção de arte também consegue ser melhor do que a maior parte das grandes produções recentes de Hollywood. Resta saber se Myers vai resistir a tentação e manter a palavra de não fazer um quarto filme da série.

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