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Fantasia de praxe para assistir "O Senhor dos Anéis"

Por Agencia Estado
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Eles não se importam de ser chamados de malucos. A sessão para fãs de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei transformou o Shopping Frei Caneca ontem, numa espécie de Terra-Média e lotou o Unibanco Arteplex de espectadores vestidos como os personagens da saga de J.R.R. Tolkien. Havia montes de hobbits, de elfos, havia Galadriéis (no plural) e cavaleiros de preto, os naguls. Quem olhava de fora podia achar que era só extravagância de um bando de freaks. Não era. Todos têm a cabeça no lugar. Amam a obrade Tolkien e o filme que dele tirou o diretor Peter Jackson. Alguns confessam, baixando o tom de voz, que não leram a obra, o que pode ser considerado heresia para os fãs de carteirinha da série literária do Anel. Os que leram os livros às vezes fazem objeções - a essa ou aquela escolha do diretor para contar sua história. A maioria concorda que Jackson fez um grande filme. O próprio diretor disse que, para ser fiel ao espírito de Tolkien, teria de ser infiel à letra dos romances. A traição maior, ele dizia, seria não fazer da saga de O Senhor dos Anéis grandes filmes. Glória Monteiro Coimbra, de 44 anos, e Luiza Monteiro Coimbra, de 16 anos, pareciam irmãs na saída da sala 5, ambas fantasiadas. Na verdade, são mãe e filha. A mãe tinha 10 anos quando o avô lhe emprestou o livro e disse que ela talvez gostasse daquela história cheia de seres fantásticos. Não se enganou. Glória ficou fascinada pela saga. Iniciou a filha no culto. Faz uma ressalva - "Não é um culto. A gente não se fantasia assim todos os dias. Na vida cotidiana, somos um pouquinho mais normais. Mas aqui é uma celebração de gente que gosta do Tolkien. Nos divertimos desse jeito, que não tem nada de estranho. Qual é o problema? Um bando de gente fantasiada?" Luiza aproveita para dizer que adora fantasias, mas mãe e filha têm motivos sérios para falar da sua admiração por Tolkien. Para Luiza, esse mundo de seres fantásticos é bem real, pois os temas de O Senhor dos Anéis - amizade, amor, cobiça, dignidade, honra - são coisas intemporais, supra-reais. "Fazem parte da vida de todas as pessoas." Karen Sílvia de Carvalho Homem, de 22 anos, tem esse nome que parece de diplomata, como brinca o repórter. "Pois é, mas sou estudante de Química, na Unicamp." Sílvia tem um grupo de amigos na faculdade que, como ela, adora O Senhor dos Anéis. Vestiram-se como os personagens mais sombrios da série os guerreiros naguls, todos de preto. Um grupo de nove pessoas, com mantos, capuzes e, para tornar a caracterização ainda mais sinistra, colocaram aquele véu escuro sobre a face. Gustavo Torreti, de 25 anos, abre um pouco a guarda e tira o véu para falar com o repórter. Lidera um grupo de fãs e estudiosos de O Senhor dos Anéis, intitulado Amon-Hen. "Foi o RPG que me descobriu esse universo maravilhoso", diz. Fernando Bosi, de 19 anos, estuda Direito no PUC de Campinas e se veste como Gandalf. Por que o personagem do mago? "Porque para mim ele encerra uma viagem de descoberta que eu acho que tem a ver com a profissão que escolhi. Gandalf é o mais sábio dos personagens. Pede ajuda, agrupa as pessoas. Acho genial." A magia da Terra-Média termina na saída do hall do Arteplex. A maioria tira a fantasia, guarda em bolsas e mochilas que carregam, Voltam a ser pessoas normais , como disse Glória, uma das primeiras a tirar a fantasia e voltar às roupas comuns.

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