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Exposição em Nova York revê história de Harry Potter

Aberta dia 5 na New York Historical Society, a mostra traz até o primeiro esboço do bruxinho

Por Jennifer E. Smith NYT e NOVA YORK
Atualização:

Um pedaço de papel amassado pregado na parede me deixou hipnotizada. Era o esboço de um garoto de cabelos escuros com óculos redondos cercado por seus parentes de cara amarrada. A página está coberta de dobras e manchada com o que parece ser café. Mas lá está ele, o Rapaz que Sobreviveu, carinhosamente desenhado por J.K. Rowling, seis anos antes do primeiro livro de Harry Potter ser publicado.

Mago. Detalhe da mostra de Harry Potter em Nova York. Foto: New York Historical Society

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Atrás da imponente muralha de castelo, Harry Potter – Uma História da Magia, a exposição na New-York Historical Society, em NY, aberta dia 5, revê a a trajetória de Harry, não apenas o processo de escrita, mas pelas muitas influências históricas, culturais e científicas que ajudaram a moldar e inspirar a magia dos livros.

Mas foram esses primeiros esboços que chamaram minha atenção: uma professora de aparência alegre, Sprout, cercada por suas plantas; Argus Filch, o zelador de Hogwarts, com sua argola de chaves; Harry rondando os corredores de Hogwarts com Hermione, Ron, Neville e “Gary”, que os leitores agora conhecem como Dean Thomas.

Eu sempre soube, como a maioria dos fãs, que Rowling carregou essa história com ela por anos, rabiscando anotações em guardanapos e pedaços de papel. É comovente imaginá-la adicionando as listras na camisa de Harry ou as sardas no rosto de Ron, muito antes que ela pudesse imaginar que alguém se importaria com isso.

Ao longo dos anos, o Potterdom, o ambiente de Potter se expandiu em todas as direções. Há a peça da Broadway, os parques com suas imponentes réplicas de Hogwarts. A série de filmes a serem lançados nos próximos anos. Para alguns, a mostra pode parecer apenas mais uma divulgação para um império cada vez maior. Mas há algo especial em voltar ao início do processo de escrita que reacende a magia original.

É isso que a exposição – originada no outono passado na Biblioteca Britânica e que vai até 27 de janeiro –, faz muito bem. E, também comemorando 20 anos da publicação nos EUA de Harry Potter e a Pedra Filosofal, tem algo para adultos e crianças, aficionados por história e entusiastas da ciência, Potterheads (os fãs da série) e fãs casuais. As salas são organizadas por disciplinas escolares de Hogwarts, como Poções a Herbalismo e Feitiços até chegar a Cuidados com Criaturas Mágicas, em que sombras de unicórnios e centauros passam pela parede.

Não se trata de um passeio de estúdio ou parque temático. A ampla gama de artefatos em exibição – que datam dos anos 700 – forma uma ponte entre o mundo real e o mundo fictício. Nos livros, por exemplo, Nicolas Flamel era o lendário criador da Pedra Filosofal, um objeto capaz de transformar metal em ouro e garantir a imortalidade com seu Elixir da Vida. Mas foi só depois de ver sua lápide real (emprestada do Musée de Cluny – Museu Nacional da Idade Média, em Paris) que percebi que ele não era ficção. Ele era um vendedor de livros que pode ou não ter deparado com um manuscrito raro com pistas para a Pedra Filosofal.

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Mas talvez a experiência de visitar a exposição seja uma espécie de transformação. Você sai da rua movimentada, deixando para trás o mundo caótico e, por algum tempo, você desaparece na magia de Harry Potter. Os leitores têm feito esse truque nas últimas duas décadas. Agora os outros terão a chance de tentar sua mão no mesmo feitiço. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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