'Expedição Viva Marajó' redescobre riqueza de arquipélago

Com produção modesta em recursos, documentário apresenta um pedaço muito particular do Brasil

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Por Redação
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O documentário Expedição Viva Marajó, da diretora Regina Jehá, não tem pretensão maior que apenas lançar luz sobre uma das mais belas e pobres regiões do Brasil, o Marajó. O filme estreia em São Paulo e Rio de Janeiro nesta sexta-feira. Este que é o maior arquipélago fluviomarinho do mundo, com cerca de 500 mil habitantes que vivem praticamente isolados do resto do país, tendo como principal via de acesso os rios e igarapés que cortam a região, entre o Pará e o Amapá. Com uma produção modesta em recursos, mas rica em história e beleza natural, Regina, viúva do cineasta Luís Sérgio Person (São Paulo Sociedade Anônima), consegue apresentar ao Brasil um pedaço muito particular do país, inundado quase permanentemente pelas águas do mar e dos rios que deságuam no Atlântico. Mais do que captar imagens do gênero Discovery Channel, Regina se preocupou com a face humana desse território exuberante e foi conversar com os habitantes sobre suas dificuldades. O mais curioso, mesmo com as reivindicações por melhores condições de vida apresentadas pelos moradores, é que não existem ali condições tão degradantes como as existentes nas áreas urbanas brasileiras. Um dos entrevistados revela que se considera feliz por viver em um local onde não existe criminalidade, favelas, mendigos. Há desemprego, principalmente por causa do fechamento de alguns portos da região, mas no final do dia todos levam o alimento para casa, seja através da pesca farta, da coleta de frutos e da venda do excedente do que pescam e colhem, como o açaí nativo e os produtos de artesanato que fabricam. Marajó é famosa por sua criação de búfalos e o filme mostra o manejo desses animais que, na época das cheias, se transformam no principal meio de transporte de alimentos e de outros bens para regiões isoladas, onde nem mesmo os cavalos e barcos conseguem chegar. É uma região que parece ter parado no tempo, onde a cordialidade desarma tensões. Os barcos se movimentam lentamente pelos igarapés, levando e trazendo os habitantes; os peões, descalços, reúnem os búfalos nos pastos alagados, como caubois ribeirinhos; os professores dão aulas em classes construídas sobre palafitas e a vida segue seu curso, esperando a água subir ou baixar, no ritmo das estações. (Por Luiz Vita, do Cineweb)

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