ESTREIA–Irregular e inócuo, "Rio, Eu Te Amo" é catálogo de paisagens e patrocinadores

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Por Redação
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Terceiro longa coletivo do projeto criado pelo francês Emmanuel Benbihy chamado “Cidades do Amor”, “Rio, Eu Te Amo”, que estreia na quinta-feira, tem altos e baixos como todo filme de episódio, mas nada muito alto, nem muito baixo, o que, no fim, se revela apenas um catálogo de paisagens e patrocinadores. Ao todo, são 10 episódios, além de alguns segmentos que deveriam fazer uma transição entre eles, protagonizados por uma professora-tradutora (Claudia Abreu) e um taxista (Michel Melamed). Poucos desses episódios realmente só poderiam se passar no Rio de Janeiro, os demais, caberiam sem muita alteração em qualquer canto do mundo. Aparentemente, o único que realmente precisa ser situado no Rio é um protagonizado por Wagner Moura e o Cristo Redentor, e dirigido por José Padilha. Nele, o eterno Capitão Nascimento sobrevoa a cidade numa asa delta, e quando se depara com a estátua gigantesca faz alguns questionamentos. Como os episódios têm cerca de 10 minutos, nenhum deles consegue tempo hábil para desenvolver personagens, fazer uma narrativa realmente densa. Cabe aos diretores e seus roteiristas lidarem bem com isso –o que é um tremendo desafio, que nem sempre alcança êxito. Corre-se o risco de transformar a narrativa apenas numa anedota, como é o caso do curta do italiano Paolo Sorrentino (“A Grande Beleza”), que envolve uma dondoca inglesa (Emily Mortime) e seu marido bem mais velho que parece à beira da morte (Basil Hoffman). Ou ainda outro, do sul-coreano Im Sang-Soo, protagonizado por Tonico Pereira, como um maitre bem peculiar. Dos cineastas brasileiros, quem se sai melhor é Fernando Meirelles, cujo filme sem diálogos encontra no som as peculiaridades do calçadão de Copacabana. O francês Vincent Cassel (que mora no Rio) é um escultor de areia que se apaixona por uma moça, para se decepcionar mais tarde, e materializar isso em sua obra. Já o animador Carlos Saldanha (“Rio”) estreia na direção de não animação, e um balé de sombras de seu curta é uma das melhores coisas do conjunto. São tantos os personagens e tantos os clichês que alguns até soam perdidos. Por isso, o trabalho de alguns atores parece ter sido cortado na sala de edição – como é o caso de Cleo Pires, Caio Junqueira e Márcio Garcia, cujas aparições indicam que poderia haver mais cenas que acabaram ficando de fora. Ao final, “Rio, Eu Te Amo” -assim como os outros dois filmes da série sobre Paris (2006) e Nova York (2012)-– se mostra um tanto superficial. A prefeitura do Rio queria que Woody Allen filmasse na cidade. O cineasta até cogitou, mas o projeto acabou não se consolidando, e, aparentemente, se contentaram com esse filme agora exibido. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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