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ESTREIA–"3 Dias Para Matar" aposta no tom cômico em filme de ação

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Por Redação
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O que esperar da união do francês Luc Besson, com seus roteiros mirabolantes e estilo peculiar, do diretor norte-americano McG, que usa a violência como trampolim para o humor, e do compatriota Kevin Costner, mais acostumado a papéis épicos do que necessariamente a filmes de ação? Difícil dar uma resposta exata, porque, especialmente, os dois primeiros são os típicos realizadores que dividem a plateia com os seus trabalhos. Mas, de qualquer modo, era esperado que o trio fosse um chamariz de bilheteria para “3 Dias Para Matar”. No entanto, a produção conseguiu a muito custo se pagar, arrecadando um pouco mais do que seu orçamento. Anteriormente previsto para estrear no Brasil no início de junho, o longa chega aos cinemas somente nesta quinta, no rastro do recente e bem-sucedido comercialmente “Lucy” (2014), do próprio Besson. A questão é saber se esse sucesso será o suficiente para atrair o público para este outro trabalho, em que a direção de McG não consegue criar uma boa coesão entre tantos elementos que Luc mistura em seu roteiro. A história traz Ethan Renner (Kevin Costner), um agente da CIA diagnosticado com um grave tumor cerebral, que está à beira da morte. Enquanto tenta se afastar do trabalho e se reaproximar da filha, Zooey (Hailee Steinfeld), e da ex-mulher (Connie Nielsen), ele tem a oportunidade de conseguir uma sobrevida com uma droga experimental, mas só poderá obtê-la se executar os serviços solicitados pela provocante Vivi (Amber Heard). Curiosamente, o misterioso medicamento parece provocar danos mais devastadores ao protagonista, acentuados nos desfocamentos da fotografia de Thierry Arbogast – parceiro do cineasta francês – e nos efeitos de pós-produção, do que a própria doença, manifestada apenas com as crises de tosse – que é um sintoma que ocorre em alguns casos de gliobastoma, mas não é o único. Essa não é a única das incongruências do script criado por Besson com Adi Hasak, que chega a introduzir a trama de uma família de imigrantes que ocupa o apartamento de Ethan em Paris. Trata-se de um tema importante, em vista da questão política e social que a situação migratória gera na França. Mas o assunto é diluído no decorrer da película. Tendo este material em mãos, McG realiza uma direção oscilante, ora sóbria, ora caricata. O início é explosivo, trazendo pura ação, mas os vilões não apresentam força suficiente para antagonizar com o protagonista. A introdução do novo convívio dele com a filha parece trazer uma nuance mais dramática ao longa. E, por mais que o pretexto da aproximação familiar com a iminência da morte seja batido, a relação de Renner com Zooey merecia um tratamento melhor. Basta dizer que uma das cenas que mais apela para o lado emocional do público, com o pai finalmente ensinando a garota a andar de bicicleta em uma praça parisiense cheia de turistas, pode levar o espectador ao riso. Sendo assim, cabe mais até para a vertente cômica do filme, que segue um tom cartunesco em muitos momentos, como nas malucas cenas em que os torturados por Ethan acabam ajudando em sua relação com a filha. É quando aposta nisso que “3 Dias Para Matar” flui melhor, mesmo que seja repetitivo em determinados pontos, a exemplo do recorrente toque de celular personalizado. Coadjuvantes como o mafioso pai de família árabe Mitat (Marc Andréoni) chamam mais a atenção quando o humor está em questão. Mas Kevin Costner, embora pareça não estar totalmente à vontade, consegue criar uma boa relação de pai e filha com Hailee Seinfeld, eficiente nas dúvidas e revoltas de sua personagem adolescente. Amber Heard está forçada como a sensual Vivi, mas sua interpretação é, no fundo, um retrato do próprio filme, cujo visual e os exageros não escondem as falhas, mas conseguem entreter minimamente. (Por Nayara Reynaud, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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