ESTREIA-'Walesa' investiga o lado político e humano de líder polonês

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Por Redação
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Talvez não houvesse outro cineasta mais acertado para fazer um filme inspirado na vida do ativista e ex-presidente da Polônia Lech Walesa do que Andrzej Wajda. “Walesa” tem como subtítulo “O Homem de Esperança” e o coloca ao lado de outros trabalhos do diretor: “O Homem de Mármore” e “O Homem de Ferro”, nos quais retrata o regime comunista em seu país. O filme estreia no Rio na quinta-feira e entra em pré-estreia em São Paulo, onde deverá entrar em cartaz nas próximas semanas. O fio condutor é uma entrevista de Walesa (Robert Wieckiewicz) à jornalista italiana Oriana Fallaci (Maria Rosaria Omaggio), em 1981, poucos meses antes de uma lei marcial o levar preso, junto com outros líderes sindicais. O filme o acompanha desde o começo da década anterior, quando trabalhava no estaleiro de Gdansk como eletricista, e presencia a repressão dos movimentos de trabalhadores. É a partir desse momento que começa a organizar o sindicato Solidariedade, do qual se torna dirigente. Sem vínculos com o governo comunista, a entidade será fundamental para vitórias da classe trabalhadora. Em 1980, sua participação foi fundamental numa nova greve – e as conquistas só aumentaram a sua popularidade. O roteiro, assinado por Janusz Glowacki, acompanha a trajetória do líder, desde as greves dos anos de 1980 até a conquista do Nobel da Paz, em 1983, e sua atuação no Solidariedade, no qual lutou pelo avanço dos direitos dos trabalhadores e por mudanças na sociedade da Polônia. Ao longo da entrevista com Fallaci, Walesa mostra-se uma figura sedutora, um bom narrador de seus feitos, ao mesmo tempo que ambíguo, contraditório – enfim, humano. Também vemos o crescimento de sua família, e a presença constante de sua mulher, Danuta (Agnieszka Grochowska), tentando compensar dentro de casa a ausência do marido que, quando não estava nas ruas, estava preso. Nem sempre as transições na trajetória de Walesa dentro do longa são orgânicas, até porque um filme dificilmente conseguiria dar conta de tudo. Nem sempre ficam muito claros os caminhos do protagonista e sua movimentação política. Mas a imersão de Wieckiewicz no papel de uma das figuras mais importantes do século 20 acrescenta muito ao filme. Com quase 90 anos, Wajda acompanhou tudo o que acontecia nas décadas de 1970 a 1990, período retratado no filme, e isso sem dúvida é crucial na seleção dos momentos escolhidos para figurar nessa história longa e complexa. Sagazmente, porém, o filme termina antes do governo controverso de Walesa – por si só, tema para outro filme inteiro. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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