ESTRÉIA-'Sangue Negro' revê expansão do petróleo na América

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Diretor independente consagrado por filmes como "Boogie Nights" (1997), "Magnólia" (1999) e "Embriagado de Amor" (2002), Paul Thomas Anderson conquista a maioridade profissional com as oito indicações ao Oscar de seu mais recente drama, "Sangue Negro", em estréia nacional na sexta-feira. No próximo dia 24, ele concorre às estatuetas de melhor filme, direção, ator (terceira indicação ao inglês Daniel Day-Lewis), fotografia, montagem, edição de som, direção de arte e roteiro adaptado. Livremente inspirado na trama do livro "Oil", de Upton Sinclair, o enredo desenvolve a história do empreendedor Daniel Plainview (Day-Lewis). Minerador de ouro que enriqueceu, ele descobre a novidade do petróleo, no momento em que está começando a exploração das jazidas no centro da Califórnia, por volta de 1911. Um dia, Plainview é procurado pelo jovem Paul (Paul Dano, de "Pequena Miss Sunshine"), que lhe dá uma dica preciosa sobre onde encontrar fazendas que podem ser adquiridas a preços baixos e que escondem jazidas ainda não identificadas pelas grandes companhias. Mesmo desconfiado, Plainview segue o conselho do jovem, que na verdade está traindo os interesses da própria família, já que sua própria fazenda é um dos locais indicados. Plainview instala-se na região, tornando-se um poderoso proprietário. Seu poder e influência não têm paralelo, exceto pelo jovem pastor Eli (Paul Dano, novamente). Trata-se do irmão gêmeo de Paul, que cria a Igreja da Terceira Revelação, atraindo com suas pregações fanáticas os trabalhadores pobres e suas famílias. Neste ambiente duro, de paisagem desolada e pouquíssimas mulheres, Plainview é o verdadeiro imperador. Uma de suas poucas fraquezas é pelo filho H.W. (Dillon Freasier). Quando acontece uma explosão no poço e o menino tem a audição afetada, Plainview reage de maneira inesperada. Plainview é o símbolo do empreendedor destemido, mas também sem escrúpulos. Não dá descanso aos empregados, já que ele mesmo não pára de trabalhar, sem nenhuma distração. Não tem amigos, não se conhecem seus parentes, nem seu passado. Por isso, causa estranheza a chegada de um homem que se diz seu irmão (Kevin J. O'Connor). Com este drama de tom épico, que analisa o desenvolvimento do capitalismo na América do Norte, Paul Thomas Anderson, 37 anos, demonstra ter amadurecido. Seu mergulho nos mitos fundadores da América, aliás, cria possibilidades de um paralelo com o presente. O petróleo que no início do século 20 jorrava na Califórnia, bem como no Texas, agora jorra no Iraque, em todos esses lugares misturado com o sangue dos homens obcecados por delírios de poder e riqueza. Daniel Day-Lewis parece um verdadeiro possesso na pele deste personagem, que poderá dar-lhe seu segundo Oscar de melhor ator. O primeiro foi em 1989, por "Meu Pé Esquerdo". Por "Sangue Negro", Day-Lewis já ganhou o Globo de Ouro, o Bafta e também o prêmio do Sindicato dos Atores da América. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.