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ESTREIA-Primeiro 'O Hobbit' chega com Martin Freeman como carismático Bilbo

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Por Redação
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Protagonista da nova trilogia inspirada em "O Hobbit", obra de 1937 do britânico J.R.R. Tolkien, Bilbo "Bolseiro" Baggins (Martin Freeman) custa para convencer-se a deixar o conforto de sua bem-abastecida casinha na Terra Média para acompanhar a aventura de 13 anões para reconquistar seu reino. Da mesma maneira que seu herói, o primeiro filme da trilogia, "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", custa um tanto a decolar. Gasta-se muito tempo na sequência em que os anões, chefiados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Ermitage), vão superlotando, sem avisar, a pequena casa de Bilbo, dilapidando todas as suas provisões. Foi um pequeno truque do mago Gandalf, o Cinzento (Ian McKellen) que atraiu os anões àquele endereço, um sinal marcado na porta, sem o conhecimento de Bilbo. Como mago que tudo sabe, Gandalf não ignora que Bilbo tem um lugar nessa trupe, ainda que não seja um anão, nem tenha nada de pessoal envolvido na missão. Como sempre nestas histórias de Tolkien, há algo de predestinação -- Bilbo tem um papel bem específico na reconquista do reino de Eredor, assim como uma função na captura de um certo anel, que todos os leitores da saga "O Senhor dos Aneis", transformada em franquia de sucesso no cinema, já sabem de cor. Do mesmo modo, "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", e suas duas sequências (com lançamentos já previstos para 2013 e 2014), também já têm de antemão um público cativo nas imensas legiões de fãs da saga de Tolkien e de seu reino de fantasia bélica, povoado por orcs, trolls e outros seres malignos, criados na medida para por à prova os heróis do caminho. Então, para que a aventura se concretize, basta por na estrada a nova trupe, cujos integrantes, a bem da verdade, tem um perfil inusitado para valentes, começando pela pequena estatura. O que significa que vão ter que compensar com esperteza e ousadia. A responsabilidade maior, no entanto, recai sobre Bilbo que, sendo um hobbit, não tem experiência anterior em lutas de espada ou jornadas épicas. Homem caseiro e apegado à sua rotina, ele assistiria televisão o dia todo, se na Terra Média já existisse TV. Sua sabedoria pode ser resumida em frases do tipo: "Aventuras são desagradáveis e desconfortáveis e fazem com que você se atrase para o jantar" -- tipo da filosofia que cairia como uma luva num Homer Simpson, assim como o forte apetite do hobbit. Juntando-se aos anões, Bilbo abandona seu conforto para percorrer trajetos que transcorrem em florestas úmidas, inóspitas, habitadas por animais perigosos e seres mágicos, e sem comida ou abrigo convenientes. É dele, portanto, a maior exigência de transformação. A boa surpresa é que Martin Freeman mostrou-se o ator adequado a esta travessia, defendendo o papel com sutil carisma e humor. Ao longo de um tumultuado caminho, Bilbo vai descobrindo sua coragem e tornando-se mais valioso para a trupe dos anões, a quem valentia não falta. O melhor momento deste primeiro capítulo, ironicamente, é uma sequência bem parada -- o encontro entre Bilbo e Gollum (a criatura digital criada a partir dos movimentos do ator Andy Serkis). No duelo de charadas do qual depende a vida de Bilbo, cria-se uma tensão legítima. Como a Esfinge da mitologia egípcia, Gollum faz o gênero "decifra-me ou devoro-te". No mais, os efeitos especiais dão conta do recado, nas batalhas contra os orcs --que se multiplicam como formigas na tela-- e nas quedas de despenhadeiros (como nas lutas dos gigantes de pedra). Gandalf não gasta muito de sua mágica. Um outro mago, Radagast, o Castanho (Sylvester MCoy), curiosamente, trabalha bem mais do que ele e do que Saruman, O Branco (Christopher Lee) -- que só participa de uma breve reunião no reino dos elfos, com seus líderes, Elrond (Hugo Weaving) e Galadriel (Cate Blanchett), além de Gandalf. Radagast, aliás, contribui com alguns momentos de humor, como aquele em que experimenta o cachimbo de Gandalf, sugerindo que o fumo ali pode conter substâncias estranhas. De todo modo, "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é só o começo da nova aventura. A reconquista da Montanha Solitária, há muito dominada pelo dragão Smaug, vai ficar para o final. Enquanto isso, haja lutas, haja orcs e outros inimigos para manter ocupados os anões, Bilbo, Gandalf e seus aliados, assegurando assunto para os outros dois filmes -- que deve sair de um livro que tem menos de 300 páginas, e não das mais de 1.000 dos três volumes de "O Senhor dos Aneis" que sustentaram a trilogia anterior. Em tempo, os jornalistas no Brasil não puderam conferir o novo filme numa cópia com o formato de 48 quadros por segundo, anunciado como a grande novidade da superprodução. As primeiras cabines de imprensa foram em cópias convencionais. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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