11 de junho de 2014 | 18h24
O longa teve sua primeira sessão no Festival de Brasília, no ano passado, onde ganhou os prêmios de direção, ator coadjuvante (Reichenbach), da crítica (concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema - Abraccine) e Saruê, concedido pela editoria de cultura do Correio Brasiliense.
Carlão, como era conhecido, interpreta uma figura paterna um tanto alienada em sua vida solitária, cuja única companhia é a cachorra Baleia (interpretada pela celebridade canina Estopinha) – cujo nome remete ao romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e sua adaptação cinematográfica, por Nelson Pereira dos Santos.
André (André Gatti) volta para a casa deste pai depois de uma separação. O cenário que encontra é tão desolador quanto sua melancolia – paredes cobertas de mofo, móveis velhos, enfim, casa e vidas em ruínas.
Quando o rapaz encontra rolos velhos de super-8mm surge uma chance de reaproximação. As imagens foram feitas por seu irmão, que desapareceu na época da ditadura militar. Aqui surgem os sonhos e as aspirações frustradas, nesses retratos de família tão banais quanto reveladores – como qualquer filme caseiro familiar.
André é o produto desse lar, desses laços humanos. O quanto a perda desse irmão impactou sua vida? E a de seu pai? A deste parece fechada num mundo habitado pela cachorra que, aliás, está mais interessada nos barulhos e cores da rua do que em seu dono.
Wahrmann, que também assina o roteiro e empresta a voz a um radialista, dirige com segurança e certeza daquilo que quer. Sabe que tem em mãos um material que realiza a intersecção entre o político e o pessoal – e o diretor explora esse campo sem ser panfletário, mas com uma paixão honesta e contagiante.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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