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ESTREIA-'O Médico Alemão' revive colaboração argentina com nazistas

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Por Redação
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Indicação argentina para o Oscar de melhor filme estrangeiro para este ano, ”O Médico Alemão” pode não ter entrado na lista da Academia de Hollywood, mas nem por isso deixa de ser uma produção repleta de méritos. Baseada no livro “Wakolda”, da própria diretora do longa, Lúcia Puenzo (de “XXY” e “O Menino-Peixe”), a ficção tem como pano de fundo um tema ingrato na história argentina: não apenas a presença do médico nazista Josef Mengele no país, mas também como a própria comunidade alemã de lá, que sabia com quem lidava e colaborou para sua clandestinidade, que se manteria depois no Brasil – onde sua identidade só foi revelada após sua morte. A história se passa na década de 1960, perto de Bariloche. Ela é narrada pela jovem Lilith (Florencia Bado), que acaba de se mudar para uma pousada na região, administrada por sua família. Como estão com pouco dinheiro, aceitam hospedar por um período indeterminado um estranho médico alemão (Àlex Brendemuhl). O estrangeiro, inicialmente, mostra-se curioso com o caso de Lilith, que aparentemente não cresce (tem 13 anos, mas parece ter 9). No entanto, com a promessa de um tratamento, o alemão rapidamente volta sua atenção para o resto da família, em especial para a mãe Eva (Natalia Oreiro), grávida de gêmeos. Protegido pela comunidade alemã na região, Mengele faz livremente suas experiências com esta família. Isso até uma espiã (a argentina Elena Roger, também famosa cantora da Broadway) do serviço de inteligência israelense, Mossad, indicar seu paradeiro. Com um roteiro enxuto e bem desenvolvido, Puenzo demonstra precisão ao desenvolver sua narrativa, sombria e ao mesmo tempo delicada, com a sensibilidade que marca suas produções. A filha do veterano diretor argentino Luiz Puenzo (“A História Oficial”) também executa um trabalho vibrante com seu elenco, que ainda teve uma dificuldade a mais: falar com naturalidade o alemão, idioma que domina o filme. Embora se concentre em Mengele, o filme e o livro transcorrem no período em que se perdeu o rastro do chamado ”Anjo da Morte”, seu apelido. Pela ficção, a cineasta e escritora reafirma a complacência argentina, que não só, supostamente, recebeu criminosos nazistas, como também seu dinheiro, como denunciou o documentário “Oro Nazista en Argentina”, do diretor Rodolfo Pereyra (2004). (Por Rodrigo Zavala, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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