Estréia na França filme polêmico de Costa-Gavras

A polêmica sobre Amén esquenta na França, mas começou quando o filme foi apresentado no 52.º Festival de Berlim recentemente. Cartaz do filme mistura cruz a suástica

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Por Agencia Estado
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O filme Amén de Constantin Costa-Gavras, que acusa o Vaticano de não ter agido durante o Holocausto, estreou hoje na França, em meio a grande polêmica e deve provocar duras críticas das autoridades católicas daquele país. A polémica envolve o conteúdo do filme, que mostra o silêncio do Papa Pio XII diante do Holocausto e também o cartaz do filme afixado em toda capital parisiense mesclando uma cruz com uma suástica. O cartaz foi criado pelo publicitário Oliverio Toscani, famoso por suas campanhas para a Benetton. "É uma provocação inaceitável que deve ser denunciada por todos aqueles que defendem a dignidade humana, a liberdade e o respeito pela religião", foi a primeira reação por parte da Conferência de Bispos da França, através de um comunicado. O presidente da Conferência, monsenhor Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Burdeos, qualificou os cartazes como uma "identificação intolerável do símbolo da fé cristã com o da barbárie nazista". A campanha publicitária de Amén baseia-se em uma versão livre da peça de teatro El Vicario, de Rolf Hochtuth que causou furor nos anos 60. A Aliança Contra o Racismo e pelo Respeito à Identidade Francesa e Cristã (AGRIF) entrou com pedido de proibição do cartaz na Justiça, mas um tribunal parisiense recusou a petição, alegando "perfeita adequação" da publicidade com a temática do filme e com o "mea culpa"realizado pelo episcopado francês em 1997, quando reconheceu que alguns bispos "haviam aprovado, através de seu silêncio, violações dos direitos humanos, dixando o campo livre para uma engrenagem mortífera". Quinto filme de Costa-Gavras, de 69 anos, Amén conta a revolta de um oficial da SS, Kurt Gunstein (Ulrich Tukur), que descobre a implementaçào da solução final nazista e a de um jovem jesuita italiano, Riccardo Fontana (Mathieu Kassovitz), que tenta fazer a hierarquia eclesiástica reagir para que denuncie oficialmente o extermínio dos judeus. Deste modo, o director destaca a atitude de Pio XII, Sumo Pontífice entre 1939 e 1958, durante la Segunda Guerra Mundial, objeto de vários livros, entre eles O Papa de Hitler de John Cornwell ou A Igreja dos Nazistas de Michael Phayer.

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