PUBLICIDADE

Estreia musical 'Nine' com Daniel Day-Lewis e sete musas

Inspirado em musical da Broadway dos anos 1980, que se baseava no clássico '8 1/2' (1963), de Federico Fellini

Por Reuters
Atualização:

Penélope Cruz em cena do filme de Rob Marshall, diretor do premiado 'Chicago'. Foto: Divulgação 

 

SÃO PAULO - "Nine", que estreia no Brasil nesta sexta-feira, inspira-se num musical da Broadway do início dos anos 1980 que, por usa vez, baseia-se no clássico "8 1/2" (1963), de Federico Fellini.

 

Veja também:

 

PUBLICIDADE

Todos têm como questão central um grande cineasta em crise de criatividade e a forma como ele se relaciona com as mulheres em volta dele. Em "Nine", Daniel Day-Lewis entra no papel que foi de Marcello Mastroianni no filme de Fellini, cantando, dançando e ensaiando um sofrível sotaque italiano.

 

Basicamente um talentoso ator dramático, vencedor de dois Oscar por "Sangue Negro" (2007) e "Meu Pé Esquerdo" (1990), Day-Lewis tem dificuldades com a passagem para o musical. Por um lado, o ator não canta e nem dança bem. Por outro, mostra limitações para trazer nuances para o cineasta Guido Contini, um personagem basicamente antipático com sua misoginia e arrogância.

 

Contini acaba de assinar contrato para seu novo filme, um épico chamado "Itália", mas está com bloqueio criativo. Além disso, as mulheres ao seu redor - mãe, amante, musa, esposa - sempre o pressionam e ele vai perdendo a razão entre uma música e outra.

 

Marion Cottillard é Luisa, ex-estrela de seus filmes e atual mulher. Penélope Cruz é a amante Carla. Nicole Kidman, Claudia (referência à Cardinalle, claro), a musa. Judy Dench é Lilli, figurinista e confidente. Kate Hudson, uma jornalista pouco ética que se envolve com ele. Do passado, dois fantasmas o visitam: a mãe morta, interpretada pela veterana Sophia Loren, e a prostituta, objeto do desejo do menino e seus amigos quando tinham 9 anos, chamada Saraghina e interpretada pela cantora Fergie - a única do elenco que não tem medo de soltar a voz quando chega a sua hora de cantar. E todas as atrizes têm, pelo menos, um número musical, ou seja, são protagonistas em algum momento.

 

O roteiro, assinado por Michael Tolkin (de "Impacto Profundo") e o cineasta inglês Anthony Minghella, que morreu em 2008, amplia o musical, acrescentando novos números e cenários - todos, de certa forma, tentando remeter aos filmes de Fellini. Mas o diretor Rob Marshall não tem a mesma criatividade e não é capaz de orquestrar a mistura entre memória, desejos e culpa que o grande italiano sabia fazer tão bem.

 

Além disso, Marshall opta por uma montagem tão picotada que se mostra quase impossível ver as coreografias. As atrizes, por sua vez, são mal aproveitadas em números musicais que não se encaixam com a história.

 

Marion Cottillard (Oscar de melhor atriz por "Piaf - Um Hino ao Amor") é o melhor de "Nine". Talvez porque a sua personagem seja a única capaz de alguma nuance, algum contorno dramático. Todas as outras não conseguem ultrapassar os estereótipos: A Amante, A Amiga, A Mãe etc.

O que atrapalha a diversão em "Nine" é a forma como os números musicais acontecem. Eles nunca se integram à narrativa - como ocorria com "Chicago", também dirigido por Marshall e vencedor de seis Oscar em 2002.

 

O melodrama de Guido e suas mulheres passa-se em Roma, enquanto a cantoria é encenada num grande palco (montado num estúdio na Inglaterra). Nunca há uma conexão entre o melodrama e a música. Por isso, o filme parece tanto uma colagem de momentos. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

 

 

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.