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ESTREIA-Jude Law abusa do humor negro em "A Recompensa"

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Por Redação
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Depois de passar 12 anos encarcerado por não entregar seus comparsas de crime, Dom Hemingway, protagonista de “A Recompensa”, volta às ruas de Londres para receber o que lhe parece devido por sua lealdade. Vociferando contra qualquer um à frente, espanca antigos desafetos e insulta seu último empregador, em diálogos que expelem a fúria decantada pelo confinamento. A violência que acompanha o personagem é, na verdade, a grande virtude do filme escrito e dirigido pelo norte-americano Richard Shepard, que abusa do humor negro inglês nesta comédia estrelada por Jude Law. Estimulado pela bebida e cocaína, que consome em quantidades superlativas, Dom é um anti-herói que desconcerta, mas diverte pela total falta de censura. Além de perseguir sua gratificação com o criminoso milionário Mr. Fontaine (Demian Bichir), o qual não entregou na época da prisão, Dom ainda quer reatar seu relacionamento com a filha Evelyn (Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen da série de TV “Game of Thrones”), que o odeia. Mas, vítima de seu próprio descontrole, alcançar esses objetivos torna-se aparentemente improvável. O filme conta também com Dickie (Richard E. Grant) inseparável amigo de crimes de Dom, um respiro à celeridade do protagonista. Como seu oposto, o bem interpretado coadjuvante está no centro das situações vexatórias em que se colocam, mantendo uma elegância excêntrica, que o define. Curiosamente, Dom Hemingway mostra grandes semelhanças com o personagem vivido (corajosamente) pelo ator Tom Hardy em “Bronson” (2008), filme de Nicolas Winding Refn (de “Drive” e “Só Deus Perdoa”). Da verborragia com sotaque da periferia londrina à vida na prisão, ambos exploram o mesmo caldo, com resultados díspares, em especial à oscilação entre o drama e o humor negro. Como o grande destaque de “A Recompensa”, a vigorosa atuação de Jude Law sustenta toda a trama criada por Richard Shepard. Porém, quando o filme vai chegando ao fim, perde muito de seu ímpeto, resolvendo os conflitos de forma morna. Para uma produção que apresenta seu personagem com um monólogo de dois minutos sobre o próprio pênis, faltou ferocidade para o desfecho. (Por Rodrigo Zavala, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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