ESTREIA-Formalismo excessivo prejudica terror uruguaio 'A Casa'

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Por Redação
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"A Bruxa de Blair" é uma espécie de Gremlin do cinema contemporâneo, que de tempos em tempos se reproduz em novos filmes parecidos, de um subgênero que poderia ser chamado de pseudo-documentário de terror. Foi o caso, por exemplo, de "Atividade Paranormal", sua sequência e derivados. Agora, o fenômeno se repetiu no Uruguai e o resultado é "A Casa". Dirigido por Gustavo Hernández, o filme é supostamente um único plano-sequência de quase 80 minutos, feito com uma câmera fotográfica. Na verdade, não foi filmado bem assim. Em termos de técnica - apenas -, a produção tem mais semelhança com "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock, que foi rodado em vários planos e montado para parecer um único, do que para "Arca Russa", de Aleksandr Sokurov, filmado realmente sem cortes. Num filme repleto de momentos de completa escuridão, foi fácil esconder os cortes da montagem. Se, por um lado, "A Casa" pode até impressionar por esse esforço técnico, sua narrativa frouxa não o sustenta. Começa como um filme de clima, de suspense sobrenatural, até se render ao sangue e sustos baratos que já tiraram boa parte da credibilidade ao gênero. A história gira em torno de Laura (Florencia Colucci) que, com seu pai (Gustavo Alonso), vai passar a noite numa casa de campo de Néstor (Abel Tripaldi), que está abandonada e passará por uma reforma no dia seguinte. No interior da casa, acontecem coisas estranhas e sem explicação. Barulhos e sombras, como sempre, estão presentes. Logo Laura se vê sozinha e, sabe-se lá por que, não tenta sair da casa. O que ela descobre não é lá muito assustador. O epílogo, depois dos créditos finais, é redundante ao explicar tudo aquilo que já estava entendido antes de o filme acabar. É curioso, no entanto, o posicionamento da câmera. Quem é essa presença? Ao contrário de filmes como "Cloverfield - Monstro", "REC" e a própria "Bruxa de Blair", nos quais a câmera é uma presença identificada e as imagens são o resultado dessa filmagem feita por "personagens", aqui nunca sabemos quem é a câmera ou o cinegrafista que a opera e o que eles representam. Dada a escassez de ideias no gênero - boas ou ruins - não é surpresa que um remake americano já esteja pronto. A direção, dessa vez, fica por conta da dupla Laura Lau e Chris Kentis, que fizeram "Mar Aberto". (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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