Estréia 'Feliz Natal', primeiro longa de Selton Mello

"Para mim, Feliz Natal é sobre a solidão, sobre as várias formas de solidão", diz o diretor do filme

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Por Luiz Carlos Merten
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Talvez seja mera coincidência, mas justamente nesta sexta em que Feliz Natal está estreando com 20 cópias - em digital e película - em São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e Goiânia, o filme de Selton Mello também terá sua primeira exibição no Festival de Huelva, na Espanha. Selton já testou as reações de espectadores brasileiros nos Festivais de Paulínia, do Rio, na Mostra de São Paulo e em eventos como o Amazonas Film Festival e o FestCine Goiânia, do qual acaba de sair vencedor, com nove prêmios. Ele está agora curioso para ver como seu filme será recebido no exterior. "Aqui, sou conhecido como ator e as pessoas sempre têm alguma expectativa, que o filme pode satisfazer ou não. Lá fora ninguém me conhece, sou apenas um diretor principiante." Veja também:Assista ao trailer de 'Feliz Natal' Ouça a música 'Nascer no Final', de Edu Krieger e Plínio Profeta, da trilha do filme 'Feliz Natal'  Denso, difícil - muitos adjetivos do tipo já foram empregados para definir Feliz Natal. Selton fez o filme que queria, como queria e com quem queria. Para viver Mércia, a matriarca dessa família disfuncional, convidou a atriz Darlene Glória. E está satisfeito da vida, mesmo diante de eventuais críticas negativas. "Consigo separar as coisas. O fato de você não gostar de meu filme não significa que não gosta de mim", ele brinca com o repórter do Estado. O Natal foi sempre um fantasma na vida de Selton. Ele lembra que teve natais felizes, como conta, mas Selton nasceu em 30 de dezembro. Seu pai, no dia do Natal. As festas de aniversário coincidiam com a festa de Natal e isso sempre produziu nele uma sensação de deslocamento. "No primeiro filme, a gente sempre quer dizer e fazer tudo. Falar sobre a vida, a arte. O próximo filme talvez saia mais maduro." A história que Selton conta em Feliz Natal é a deste homem, dono de um ferro-velho, que viaja para passar a festa de Natal em família, com os pais e o irmão. Ele encontra velhos amigos. Só gente bêbada, frustrada, agressiva. "Para mim, Feliz Natal é sobre a solidão, sobre as várias formas de solidão", diz Selton. O diretor chegou a pensar em fazer o protagonista, mas terminou chamando Leonardo Medeiros, o ‘Leo’, para o papel. "Ocorre uma coisa curiosa", ele observa. Agora, Selton vai parar um pouco, desacelerar. "Vou cuidar mais da minha vida, menos dos personagens." Nos últimos anos, ele tem emendado um filme no outro. Como é bom no que faz, as pessoas andam muito satisfeitas - e Meu Nome Não É Johnny, cujo impacto repousa muito sobre o ator, está sendo o maior sucesso do cinema brasileiro neste ano -, mas Selton não está contente. "Eu me escondo muito por trás das máscaras de todos esses personagens. A experiência como diretor revela muito mais quem eu sou, mesmo que o filme não seja autobiográfico. Sou um cara melancólico, essa é a verdade." A parada vai ser temporária, para recarregar baterias, avaliar escolhas. Na volta, uma das prioridades será o teatro. "Ando com saudades do palco", ele diz. Feliz Natal (Brasil/ 2008, 106 min.) - Drama. Dir. Selton Mello. Com: Leonardo Medeiros, Darlene Glória, Paulo Guarnieri, Graziella Moretto, Lucio Mauro. 114 anos. Cotação: Bom

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