ESTREIA-Em 'Inquietos', de Gus Van Sant, doçura juvenil encanta

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Por Redação
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Em "Inquietos", o diretor Gus Van Sant comprova mais uma vez sua afinidade e compreensão dos universos juvenis, embora de um modo distinto do que demonstrou em "Paranoid Park" (2007) ou "Garotos de Programa" (1991). No centro desta nova história, escrita por Jason Lew, está uma desesperada, nem por isso menos intensa e bonita história de amor, que deve algo à dupla Harold e Maude de "Ensina-me a Viver" (71), mas atualiza esse registro com uma delicadeza particular. O protagonista é o jovem Enoch (o belo e talentoso Henry Hopper, filho de Dennis Hopper, estreando profissionalmente). Sobrevivente de um acidente que matou seus pais, ele vive em depressão. O jeito que encontrou para lidar com a morte foi tornar-se penetra de funerais. Num deles, conhece sua alma gêmea, Annabel (Mia Wasikowska, de "Alice no País das Maravilhas"). Annabel tem outro tipo de relação com a morte - sofre de um câncer terminal e tem poucos meses de vida. Mas decidiu que seus últimos dias serão cheios de alegria ao máximo. Relutante, Enoch torna-se o parceiro desta viagem. Van Sant consegue um equilíbrio difícil ao introduzir um toque surreal no terceiro personagem, Ryo Kase (Hiroshi Takahashi), sempre vestido num curioso uniforme de piloto kamikaze da II Guerra Mundial. Se logo se pode imaginar a verdadeira natureza de Ryo, nem por isso suas conversas com Enoch são menos saborosas, já que ele funciona como um misto de alterego e observador do amigo e de seu romance, a quem não falta uma fina ironia. Não há grandes segredos nem revelações no cotidiano dos dois adolescentes, que dançam pelo filme com uma graça natural, vivendo pequenos momentos, criando brincadeiras que cabem perfeitamente em sua idade e situação. Eles podem lidar com a iminência da tragédia de uma forma muito diversa do que se fossem mais velhos, e tiram proveito disso. Embalado nessa espécie de aura espontânea dos dois protagonistas, o filme, que foi exibido na seção "Un Certain Regard", do Festival de Cannes 2011, respira uma doçura juvenil com a qual só muito mal-humorados não vão simpatizar. (Neusa Barbosa, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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